Aos 54 anos, Patricia Pillar garante que está em uma idade em que vive satisfeita. Na ativa na TV e no cinema — recentemente passou pela série global Onde Nascem os Fortes e está em cartaz com o filme Unicórnio —, ela reflete sobre sucesso, memória e idade em conversa com VEJA. “Gosto mais da vida hoje. Isso não tem a ver com fama ou condição financeira. Sinto que eu vivi todas as minhas fases de forma que tive boas lembranças. Estou em paz com o tempo que já passou”, diz.
Natural de Brasília, Patricia começou a estudar na escola tradicional de teatro O Tablado, no Rio de Janeiro, antes de estrear nos palcos com a peça Os Banhos aos 17 anos, em 1981. Hoje, a atriz se vê em um momento especial dentro da Globo, emissora que a abraçou no fim dos anos 1980. “A televisão é o lugar que têm me oferecido as melhores histórias”, analisa a atriz, que participou nos últimos anos de produções como Ligações Perigosas e O Rebu, além de hits passados como A Favorita e Rei do Gado.
“Pela nitidez cada vez maior das imagens, você consegue ver muito as imperfeições na TV. As pessoas não estão gostando disso e eu cada vez gosto mais delas. Não abro mão das minhas imperfeições. Não me disponho a honrar a expectativa alheia”
Patricia Pillar
“Existem papéis maravilhosos para mulheres da minha idade e vão continuar existindo”, diz Patricia. “Pela nitidez cada vez maior das imagens, você consegue ver muito as imperfeições na TV. As pessoas não estão gostando disso e eu cada vez gosto mais delas. Não abro mão das minhas imperfeições. Não me disponho a honrar a expectativa alheia.”
A atriz entrou em cartaz nos cinemas, na última semana, com o filme Unicórnio. Inspirado em contos da escritora Hilda Hilst, o longa acompanha a história de Maria (Barbara Luz), uma adolescente que aguarda a volta do seu pai (Zécarlos Machado), enquanto vive com a mãe (Patricia), em uma casa rural.
“A Hilda era uma figura muito interessante, uma rebelde. É uma alegria poder propiciar que mais pessoas, incluindo muitos jovens, conheçam o trabalho dela”, afirma Patricia, que teve contato com obras da escritora, depois do convite para o longa. “Me identifiquei com essa incerteza que você tem na idade da Maria. É o momento de contato com sentimentos em relação à mãe, que não são propriamente esperados, mas a gente sente, como competição e raiva, ao mesmo tempo em que há um amor profundo.”