A produtora francesa do filme Bacurau, Emilie Lesclaux afirmou na tarde desta terça-feira, 20, que não sabe se seria possível produzir o longa “Bacurau” no governo do presidente Jair Bolsonaro por conta da captação de recursos dos patrocínios culturais públicos. A declaração foi feita durante a coletiva de imprensa para a divulgação do filme de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles.
“Eu acho que não conseguiríamos captar os valores essenciais que captamos para fazer Bacurau. Boa parte do filme foi feito com recursos públicos do Brasil e da França. Entretanto, não existem mais editais de cinema e patrocínio culturais da Petrobras”, afirmou Emilie aos jornalistas.
Emilie ressalta que, durante as etapas do processo, a equipe teve liberdade para fazer o filme do zero, sem interferências governamentais. No cenário atual, a produtora afirma que não saberia o futuro do roteiro. “Os nossos roteiros estão começando a ter questões de filtros, principalmente aos filmes LGBTs. É tudo muito absurdo”, conclui.
Em resposta, o diretor Kleber Mendonça Filho diz que a Constituição de 1988 prevê a não-existência de censura. “Não sei o motivo pelo qual estamos discutindo que há censura”, afirmou.
O diretor é conhecido nacionalmente por seus filmes de cunho político e com Bacarau não seria diferente. O filme conta a história de moradores de uma cidadezinha localizada no sertão brasileiro chamada Bacurau, que descobrem, após a morte de uma moradora que a cidade, literalmente, sumiu do mapa. Aos poucos, percebem coisas estranhas na região: drones passeiam pelos céus, estrangeiros chegam à cidade pela primeira vez, carros se tornam vítimas de tiros e cadáveres começam a aparecer. Os moradores então chegam a conclusão de que estão sendo atacados. Mas quem será o inimigo? E como eles podem se defender contra ele?
O filme tem estreia programada para 29 de agosto