A reedição comentada de Mein Kampf (Minha Luta), de Adolf Hitler, publicada na Alemanha em janeiro de 2016 pela primeira vez desde 1945, se converteu num grande sucesso nas livrarias do país. Segundo o Instituto de História Contemporânea (IfZ) de Munique, que a princípio tinha determinado a impressão de 4.000 exemplares, foram produzidas seis edições ao longo do ano passado, somando o total de 85.000 exemplares vendidos. Em dois volumes, a obra tem cerca de 2.000 páginas e vem sendo comercializada a 59 euros (cerca de 200 reais).
Nessa nova versão, o texto original de Hitler é acompanhado de 3.500 notas históricas explicativas com o objetivo de evitar sua utilização como propaganda nazista. Seu relançamento foi alvo de muita controvérsia por causa do temor de alguns críticos em relação à interpretação das ideias do Führer, principalmente entre movimentos neonazistas . “Está comprovado que o medo de que esta publicação promova a ideologia de Hitler se revelou infundado”, afirmou, em um comunicado, o diretor da IfZ, Andreas Wirsching.
Segundo dados coletados pelo instituto, os compradores dessa reedição são principalmente pessoas interessadas em história e política, assim como profissionais do ensino. “O debate sobre a visão do mundo de Hitler e sua aproximação com a propaganda permitiu tratar as causas e consequências das ideologias totalitárias em uma época em que o autoritarismo e as ideias de extrema-direita estão ganhando terreno”, acrescentou Wirsching.
Escrito entre 1924 e 1926, Minha Luta aborda em detalhes o ódio que o autor sentia dos judeus, defende a ampliação do poder alemão através da conquista e delineia as bases da ideologia nazista, combinação que resultou na II Guerra Mundial e no Holocausto.
Hitler escreveu a maior parte do primeiro volume (de cunho essencialmente autobiográfico) do livro enquanto estava preso em Landsberg, depois de uma tentativa fracassada de golpe em Munique em 1923. Após sua libertação, ele concluiu o segundo volume em seu retiro nas montanhas, em Berchtesgaden.
A obra se tornou um best-seller após Hitler assumir o posto de chanceler da Alemanha, em 1933. Até 1945, Minha Luta tinha vendido 12 milhões de cópias e sido traduzido para 18 línguas. O livro foi banido pelos aliados com o fim da II Guerra e, desde então, a Baviera era contrária à sua reedição. Entretanto, a obra não estava proibida – é possível encontrar exemplares de edições originais em antiquários ou através da internet.
(Com AFP)