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Roberta Medina: ‘Não teve edição que não mandaram presidente tomar no c*’

Vice-presidente do Rock in Rio diz que a polarização politica foi uma preocupação extra para a segurança do evento e avalia erros e acertos da edição

Por Maria Clara Vieira, do Rio de Janeiro
Atualizado em 6 out 2019, 21h59 - Publicado em 6 out 2019, 21h49
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  • Aos 41 anos, a produtora Roberta Medina, herdeira do fundador do Rock in Rio, é o rosto do evento em Lisboa e em Madrid, além de participar ativamente de todas as empreitadas do pai, Roberto, no Brasil. Ao final da quinta edição do festival (desde seu retorno em 2011), Roberta falou a VEJA sobre os principais desafios da operação — a começar pela segurança, que foi reforçada por receio dos ânimos políticos –, os grandes sucessos deste ano e o plano de expansão para o Chile — que, ela esclarece, é “apenas uma intenção”.

    Esta é a 5ª edição do Rock in Rio desde seu retorno em 2011. A infraestrutura pode ser aprimorada? É claro. Os banheiros que estão perto do Palco Sunset, por exemplo, ficaram muito cheios, e as pessoas reclamaram da fila, quando havia vários outros livres. Precisamos criar estruturas maiores ou importar uma ideia que usamos em Lisboa: colocar letreiros na frente das entradas indicando onde há cabines disponíveis. Não trouxemos para cá ainda porque percebemos lá que as pessoas preferiam encarar a fila a ter que andar um pouco. É um caso a ser pensado.

    E as centenas de furto de celular? Em um evento desse tamanho, os furtos acontecem. Mas acredito que tivemos um avanço brutal nesse sentido: o alinhamento com a polícia fez com que prendêssemos uma quadrilha. Esse ano, tivemos até reconhecimento facial para ajudar a prender uma gangue que atuava desde 2015. Nossa maior desafio é lidar com a cultura do jeitinho. A quantidade de gente que foi pega vendendo credencial falsa ou tentando entrar com produto para ser vendido é gigante. Todo ano precisamos inventar mecanismos para coibir esse tipo de comportamento.

    A política foi presença constante dos palcos e na plateia desta edição. Foi uma preocupação dos organizadores? Sim. A polarização nos fez entrar com um plano de segurança ainda mais forte. O Rock in Rio não se posiciona politicamente, mas os palcos são lugar de livre expressão. Não coibimos ninguém, mas tememos que as pessoas se agredissem. Por sorte, as coisas estão fluindo, mesmo neste momento de racha no país. Vale ressaltar, entretanto, que alguns comportamentos que são típicos de multidão: não consigo me lembrar de uma edição do Rock in Rio na qual não tenham mandado o presidente tomar no c*. Na última vez, tivemos “amar sem Temer” no Palco Sunset. Qualquer que seja o governante, eles são sempre uma atração do festival.

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    A apresentação da cantora Pink ontem a noite foi tratada como “histórica” para o festival. Acha que a performance merece o adjetivo? Não vale a pena fazer o corte de melhor show de festival com essa quantidade de palcos. É muito cruel comparar tudo. Mas acho, sim, que o show da Pink é muito completo em termos de qualidade musical e visual. A apresentação do Iron Maiden, também bastante comentada, foi uma história lúdica, um musical fantasioso. A Pink parece que está ali com você, tem uma energia muito poderosa. Nosso único desafio com a Pink foi bota-la para voar.

    Foi ela quem pediu? Sim. Ela tinha que voar, não era uma opção. Só que a maior parte dos shows dela são em arenas fechadas, é só pendurar os cabos no teto e pronto. Aqui foi uma operação. Ficamos um ano nessa missão.

    A marca Rock in Rio já chegou a Lisboa, Las Vegas e Madrid. Podemos contar com o “Rock in Santiago”? Ainda não. O Rock in Rio no Chile é apenas uma intenção. Fomos procurados por promotores locais — o que acontece com muita frequência — explicamos as condições para levar o evento. Pelo que entendemos, eles se mobilizaram e estão em contato com o governo local. Assinamos um acordo de intenção que marca o interesse deles e nossa total abertura para fazer acontecer.

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    O apoio do Estado é essencial? Sem o auxilio do governo local, não rola. Só aqui, temos 60 entidades governamentais envolvidas. Não necessariamente é preciso haver investimento direto, mas nada desse tamanho acontece sem que haja mobilização de trânsito, infraestrutura, polícia, vigilância sanitária, entre outras áreas que estão sob os cuidados dos governos.

    Vocês estão de olho em outras cidades? Por enquanto, não. Hoje estamos muito focados no Brasil e em Portugal. Há conversas com a Alemanha mas, nesses casos, são os países e cidades que vêm até a gente. A expansão é muito trabalhosa.

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