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Rolê de busão com a moçada, véi!

Nesse último fim de semana, entre a casa e a estação do metrô mais próxima me peguei ouvindo três jovens conversando e rindo muito alto.

Por Mario Mendes 4 abr 2025, 12h27

Nunca aprendi a dirigir e só vim a possuir automóvel recentemente – apenas para o absolutamente necessário e, portanto, conto com motorista – mas continuo basicamente me locomovendo de ônibus e metrô pela cidade. Ao contrário do que já me acusaram (“Ah, você só circula entre bairros nobres”) o trajeto é longo com direito a periferia, então o que não falta são conversas e tempo para escutar e fazer duas ou três observações sobre o mundo fora da bolha.

Nesse último fim de semana, de absoluta ressaca cívica-política-criminal, entre a casa e a estação do metrô mais próxima me peguei ouvindo três jovens conversando e rindo muito alto. Certa vez ouvi Ney Latorraca, em entrevista, dizendo que tem o hábito de prestar atenção na conversa das pessoas no transporte público porque é uma ferramenta muito útil na hora de criar personagens. Compartilho o mesmo expediente do Latorraca mas, não sendo ator, é pura curiosidade jornalística e também porque o ser humano é xereta mesmo e gosta de bisbilhotar a vida alheia.

Por isso acionei e sintonia fina: Os jovens comentam a idade e fico sabendo que há um garoto de 18 anos com a namorada de 16 e um amigo de 17. Tratam-se por “véi”, “maluco”, “mano”, “viado”, numa conversa que circula entre o playlist funk-sertanejo-sofrência do Spotify – que eles acham fraco – e o sistema wi-fi dos ônibus da Zona Sul – que consideram falho: “Trava tudo, maluco. Mais de cinco usando, já era”.

O mais jovem quer comentar um episódio ocorrido na recente ComicCon Experience, em SP, envolvendo dois sósias do astro de filmes de ação Vin Diesel, mas ele não consegue se lembrar da palavra “sósia”. Pede ajuda aos outros: “Como diz quando um maluco é muito parecido com um famoso?”. Os amigos não sabem, o mais velho arrisca: “Dublê?”. Não é bem isso mas vá lá, dublê serve. Depois ele fala de uma passagem que achou engraçada do filme Férias Frustradas e soa como uma criança de cinco anos.

O mais velho reclama da pouca velocidade do ônibus: “Véi, to pegando a minha carta e aí começo a dirigir. Dá rolê de busão e metrô não vira”. Os outros concordam e dizem não ver a hora de colocar as mãos em um volante quando estiverem na idade certa.

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Enquanto tecla rapidamente a garota fala de uma treta dela e das amigas “com um cara folgado” nas redes sociais. “Otário achando que a mina já é dele só porque não tem namorado”. O mais novo manda: “Aê, você é feminista?”. Ela: “Eu não. Essa parada aí é coisa de mina fresca que não sabe se defender. Fica reclamando, pedindo socorro”. Mais despachada impossível.

Em nenhum momento comentam algo que não seja prático e imediato. Não falam da escola, não citam trabalho e ignoram completamente o grande tsunami nacional. Penso que alguém precisa, urgentemente, avisá-los que pertencem à geração que não quer saber de carro nem de casa própria e vai mudar o Brasil. Mas esse alguém não sou eu. Estou ocupado demais, pensando na minha aposentadoria. Quem sabem eles têm mais sorte que a minha geração e conseguem juntar, até os 60 anos, o R$ 1 milhão necessário para segurar a barrar até se aposentarem aos 80? Salve a mocidade!

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