São Clemente reedita samba de 1990, acerta e diverte público
O fato de não ser uma das gigantes do Carnaval carioca deu mais liberdade à escola para criticar práticas que se tornaram habituais nos desfiles
Por Fernando Molica, do Rio de Janeiro
Atualizado em 5 mar 2019, 00h44 - Publicado em 4 mar 2019, 22h54
O enredo e samba da São Clemente – E o Samba Sambou… – são de 1990. Reeditados agora, para o desfile desta segunda-feira no Carnaval do Rio de Janeiro, mostraram que continuam atuais.
O fato de não ser uma das gigantes do Carnaval carioca deu mais liberdade à escola para criticar práticas que se tornaram habituais nos desfiles.
Disposta a brincar com o processo de que participa, a escola investiu no humor – e deu certo. Logo na comissão de frente, apresentou componentes escorregando no tripé que lhes servia de apoio – uma óbvia citação a Paulo Barros, o carnavalesco que mais explora esse tipo de recurso. A primeira ala vinha com uma crítica ao prefeito Marcelo Crivella, que, por motivos religiosos, se recusa a entregar a chave da cidade ao Rei Momo.
Sobrou para celebridades em camarotes, para jornalistas (chamados se “filhos da pauta”), para sambistas que, reunidos em “escritórios”, compõem sambas para diferentes escolas. Num carro havia uma lista quase interminável de supostos compositores, crítica a parceiros que só aparecem como autores e que não fizeram sequer um pedaço do samba.
Entre os citados, Cunhado Encostado, Primo Rico e Votei no Bispo e Me Dei Mal. Candidatas a rainhas de bateria ainda vieram num ringue colocado no alto de um carro, simulação da briga pelo posto.
No fim do desfile, uma alegoria criticava o corte de verbas para o Carnaval. O público entendeu o enredo, cantou o refrão do samba e se divertiu. O enredo tem muitos desfiles pela frente.
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