A novela das 9, Segundo Sol, chega ao 100º capítulo nesta quinta-feira (6) — e com uma nova reviravolta à vista, como é de praxe na escrita do autor João Emanuel Carneiro. Desta vez, vai estar diretamente relacionada ao assassinato de Remy, interpretado por Vladimir Brichta. E é bom deixar claro: essa informação não é spoiler. Brichta e o autor confirmam que a morte do personagem era prevista já na sinopse da trama. “Quando encontrei o João (Emanuel Carneiro) pela primeira vez para a leitura, lembro que, assim que ele me viu, falou: Remy vai morrer. Achei cuidadoso da parte dele, porque, quando o personagem morre no meio da novela, pode passar mil coisas na cabeça do ator”, conta Vladimir.
A cena do assassinato vai ao ar na próxima segunda (10), mas o caminho para o desfecho fatal de Remy será preparado a partir deste sábado (8), quando ele atrairá a mocinha Luzia, papel de Giovanna Antonelli, para uma emboscada, com a promessa de apresentar a filha que ela não conheceu. O ponto de encontro será em uma pensão.
“Ele tem um plano combinado com a Laureta (interpretada por sua mulher, Adriana Esteves) de levar a Luzia até lá, mas não está claro até que ponto o que de fato é esse plano”, comenta o ator. “Ele consegue levá-la, mas alguma coisa dá errado.”
Angustiada com espera pela filha, Luzia aceita beber o copo d’água oferecido por Remy e acaba sendo dopada. Ela dorme e, quando acorda, seu amado Beto Falcão (Emilio Dantas) a flagra com Remy morto, todo ensanguentado, a seu lado. Assim, após ser inocentada pela morte do marido, que matou acidentalmente 18 anos atrás, Luzia vai ser acusada novamente de assassinato. Certa de que as vilãs Laureta e Karola (Deborah Secco) estão por trás de novo de seu infortúnio, a mocinha vai virar uma espécie de vingadora — até então, sua única motivação para ter retornado à Bahia era reunir sua família, que tinha sido separada após sua fuga da prisão.
Além da heroína com sede de vingança, a trama passa a girar em torno também do mistério “Quem matou Remy?”. Vladimir conta que o personagem construiu uma trajetória que justificava os vários suspeitos de sua morte. “Fiz uma primeira fase mais jovial e, na segunda fase, tive preocupação para que a gente desse, aos poucos, um tom um pouco mais obscuro, cruel, perverso”, explica o ator. “Lembro de ter dito para o Dennis (Carvalho, diretor artístico): vamos dar um jeito de ele ser desagradável com todo mundo, para que a gente pudesse abrir esse leque e a pergunta de ‘quem matou?’ fazer sentido.”
Desde o início da novela, Remy, irmão do cantor Beto, já se mostrava um personagem de caráter duvidoso. Amante de Karola, namorada de Beto, o rapaz era o empresário aproveitador do irmão. Já na segunda fase da novela, com a família vivendo à custa da falsa morte do irmão, Remy começou a atingir altos níveis na escala de maldades. E se tornou chantagista profissional. Nem mesmo Karola escapou de suas artimanhas. Recentemente, Remy revelou à vilã que sabia que ela havia roubado o filho de Luzia e criado o menino como se fosse seu, e, para não revelar seu segredo, Remy a obrigou a transar com ele. “Aquilo foi um abuso. O objetivo ali era muito menos o prazer e muito mais como afirmação do poder”, diz o ator.
Sobre a jornada de seu personagem, Vladimir acaba fazendo uma análise psicológica de Remy. “Na primeira fase, ele compete com o irmão, carece da atenção dos pais, a identidade dele está diretamente ligada a esse irmão, que é bem-sucedido. De alguma forma, odiá-lo era uma forma de ele existir. Na segunda fase, uma vez que Beto Falcão morreu teoricamente, morreu também a figura que dá a ele instrumentos para odiar e, consequentemente, para viver.” Com o rompimento dos poucos vínculos que tinha, Remy acaba se tornando um “franco-atirador”, define o ator. “Ele não tem mais nada a perder, a não ser a própria vida. Então, começa a apostar alto.”
Há rumores de que Remy pode, na verdade, não estar morto. É possível? “Não sei o que, de fato, vai acontecer, mas, de qualquer forma, estou de stand-by”, diz. “Existem inúmeras formas (de voltar), uma delas é o flash-back. Inclusive, abre para possibilidades que a gente não viu na novela, por exemplo, em que Remy tem encontros ocasionais com o Roberval (Fabrício Boliveira), e eles têm uma relação de anos. Nunca fiz uma cena com o Fabrício. Isso poderia abrir um leque interessante.”