A sala CineStar 7, com cerca de 360 lugares, ficou lotada para a primeira exibição de O Processo, de Maria Augusta Ramos, documentário sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O filme está sendo exibido na mostra Panorama no 68º Festival de Berlim. Durante a sessão, muitos espectadores riram das participações dramáticas de Janaína Paschoal, aplaudiram algumas falas de senadores e gritaram “Fora, Temer” e “Volta, Dilma” ao final.
Maria Augusta Ramos filmou 450 horas de material no Senado, tendo acesso às sessões da Comissão do Impeachment e a reuniões privadas entre os senadores que atuavam como defesa da presidente, como Lindbergh Farias e Gleisi Hoffman, e de José Eduardo Cardozo, que atuou como advogado de Rousseff, além de momentos de bastidores com Paschoal e Cássio Cunha Lima, ambos pró-remoção. No debate após a sessão, a diretora explicou que não teve tanto acesso aos senadores a favor do impeachment, apesar de ter tentado. “Eu tenho minha opinião pessoal, mas para o filme quis tratar todos com o mesmo respeito”, disse Ramos.
Maria Augusta Ramos, que fez outros filmes sobre o sistema judiciário brasileiro, como Justiça e Juízo, começou a rodar em abril de 2016, quando a Câmara dos Deputados aprovou o início do processo de impeachment. Uma imagem aérea da Esplanada dos Ministérios com o Congresso Nacional ao fundo abre O Processo, mostrando a divisão entre os apoiadores do impeachment de Dilma Rousseff, à direita, de verde e amarelo, e os contrários, à esquerda, de vermelho, com um gramado no meio separando. “Não sei o que vai acontecer quando o filme for exibido no Brasil. Espero que vejam, pensem, reflitam. E que possamos ser um país menos dividido”, disse a cineasta.