Star+ acirra disputa pelas transmissões de jogos ao vivo no streaming
Nova plataforma da Disney terá jogos da Libertadores e dos campeonatos europeus, e chega para concorrer com HBO Max, Globoplay e até com Facebook e YouTube
“Das coisas menos importantes, o futebol é a mais importante delas”. A lapidar frase do ex-técnico italiano Arrigo Sacchi continua mais atual que nunca – especialmente durante a pandemia, quando as transmissões esportivas trouxeram algum divertimento para as torcidas, impossibilitadas de irem aos estádios. Com as TVs se transformando na única alternativa para acompanhar os jogos, outra disputa ficou ainda mais acirrada: a dos direitos de transmissão das partidas. Por muito tempo, essa batalha ocorreu apenas no âmbito da TV aberta e fechada. Mas, com a ascensão das plataformas de streaming, o jogo começa a mudar.
Nos últimos tempos, a entrada em campo de “players” do ramo, como HBO Max, Globoplay, Amazon e até o Facebook e o YouTube, sinalizou a abertura de uma nova frente de concorrência para as emissoras abertas e, principalmente, para a combalida TV por assinatura. Mas a estreia de um novo serviço, o Star+, braço adulto da Disney+, é que promete elevar a disputa a outro patamar. A plataforma, disponível no Brasil a partir desta terça-feira, 31, vai transmitir ao vivo no streaming os principais jogos da Copa Libertadores da América, os campeonatos francês, espanhol, inglês, italiano e argentino, além das competições da UEFA, a Europe League e a Conference League.
Fruto da compra dos canais da Fox e ESPN pela Disney, o Star+ vai transmitir, além do futebol, outras modalidades cujos direitos pertencem à ESPN, como alguns jogos da NBA (basquete), WSL (surfe), MotoGP e Bellator (MMA). Para além dos esportes, também farão parte da plataforma+ todas as temporadas dos Simpsons, os filmes da 20th Century Studios e séries como Walking Dead, This Is Us e American Horror Story. “A Disney entendeu que precisava ter uma oferta completa de produtos. E o Star+ é focado no público adulto”, diz Cristiano Lima, executivo da empresa.
O movimento de oferecer conteúdo esportivo ao vivo no streaming poderá explodir nos próximos anos em razão de dois fatores. O primeiro é a fuga dos assinantes da TV por assinatura, que poderão usar esse dinheiro para pagar por mais canais de streaming. E o segundo virá com o aumento do número de brasileiros com acesso à internet de alta velocidade, que finalmente poderão usufruir do serviço de maneira satisfatória. Mas as transmissões esportivas ao vivo, seja no streaming ou na TV convencional, se destacam ainda em outro aspecto. Elas não concorrem com o tempo das pessoas. Quer dizer, o torcedor geralmente se programa para assistir às partidas de seu time do coração. Ou seja: dificilmente uma série de TV no streaming concorrente ou até mesmo uma soneca o impediria de assistir ao jogo. Trata-se de uma audiência garantida – e que já está sendo usada pelas plataformas como moeda de troca na venda de cotas milionárias de patrocínio.
Segundo fontes do mercado ouvidas por VEJA, até o momento, nenhuma empresa cobrou mais caro para veicular os anúncios no streaming. “Mas nas reuniões de mídia, ter um canal de streaming já está sendo considerado um diferencial”, disse uma fonte do setor. Atualmente, os valores que as marcas pagam por uma cota de patrocínio nas transmissões da TV fechada giram em torno de 15 a 30 milhões de reais por competição. São valores também disputados pelo Facebook, YouTube e até mesmo pelos clubes de futebol, que criaram seus próprios canais. O Facebook, assim como o Star+, também vai transmitir a Libertadores e cobrou entre 7 e 25 milhões de reais por cota de patrocínio. “A vantagem do Facebook é que eles garantem a entrega dessa publicidade para o público-alvo que desejamos”, diz a mesma fonte do mercado publicitário.
Por isso, a grande disputa das plataformas continuará sendo a mesma que historicamente é travada na TV convencional: obter a exclusividade das transmissões para forçar o espectador a assinar o canal. A HBO Max, por exemplo, transmitirá com exclusividade todos os 125 jogos da Champions League desta temporada. Mas, no fundo, a briga dos serviços de streaming é contra o poderio da Globo na área. A emissora levou para o seu serviço de streaming, a Globoplay, os canais SporTV, Combate e Premiere, oferecendo aos assinantes a transmissão da vasta maioria dos jogos de futebol e do UFC (o principal torneio de MMA).
Tal como num jogo de futebol, às vezes ocorrem alguns golaços nas negociações. Um deles foi marcado pelo próprio Star+, que já havia fechado exclusividade de transmissão do campeonato francês antes de o jogador argentino Lionel Messi anunciar sua ida para o Paris Saint Germain. “Houve uma corrida de diversos canais pela exclusividade, mas nós já tínhamos assinado antes. Ganhamos o Messi na nossa programação de graça”, comemora Carlos Maluf, executivo da ESPN e de esportes no Star+.
Os preços, por enquanto, são convidativos. O Star+ terá mensalidades de 32,90 reais ou 45,90 reais (no combo com a Disney+). Já a HBO Max tem planos anuais de 14,15 reais (qualidade de vídeo padrão e reprodução em uma tela por vez) ou 19,90 reais (alta definição e reprodução em três telas ao mesmo tempo). Na Globoplay, quem já é assinante dos pacotes Premiere ou Combate na TV por assinatura pode assistir também às transmissões no streaming. O valor da assinatura apenas do Premiere sai por 49,90 reais ou 69,90 reais (no combo com os canais Globo). Cada vez mais, é o espectador – ou seu bolso – quem manda no jogo.
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