Em março de 2017, a figurinista Su Tonani publicou um texto no blog #AgoraéQueSãoElas do jornal Folha de S.Paulo afirmando que havia sofrido assédio sexual pelo ator José Mayer. Dias após a denúncia, o global admitiu o assédio e Su se manteve longe dos holofotes. Na terça-feira, porém, ela participou de um evento da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ) onde falou sobre o caso.
Questionada por uma repórter do TV Fama, da RedeTV!, sobre o motivo de não ter formalizado a denúncia de assédio na Justiça, Su explicou que foi pressionada por um delegado. “Eu fui extremamente inibida por um delegado que me perseguiu logo após a minha denúncia, que me intimou cinco vezes no meu endereço residencial com dois policiais, querendo me forçar a depor na delegacia dele. Eu tive que ir até a Defensoria Pública, que emitiu um ofício dizendo que, caso eu fosse entrar com uma ação, iria até uma Delegacia da Mulher para fazer isso”, contou.
“Imagina passar mais seis anos da minha vida tendo de falar para um Judiciário machista o que tinha acontecido?”, falou Su. Após a denúncia, Mayer inicialmente negou e, depois, admitiu o assédio, e a Globo também pediu desculpas.
Em nenhum momento, Su Tonani citou o nome de José Mayer. “A desculpa de ‘eu fui criado por uma sociedade machista’ não dá mais né? Não dá para lidar com um assédio como uma besteira, não dá para não entender mais o que é o assédio, o que provoca na pessoa que é assediada. Toda essa violência, toda essa agressão, todo esse lugar que impede uma mulher, que desmotiva uma mulher a ir trabalhar, que fala ‘tem uma barreira pro seu sucesso, para sua liberdade. O seu corpo não é seu'”, desabafou Su.
Su disse que sua decisão de ir a público foi tomada porque se tratava de uma pessoa pública. “Uma pessoa que é famosa talvez merecia um julgamento público”, opinou a figurinista, que disse que não foi procurada nem pelo ator nem pelo advogado dele em nenhum momento.
Ela terminou sua fala dizendo que “as empresas não estão preparadas para lidar com denúncias de assédio sexual” e que não sabem o que fazer, e finalizou: “Um cara sabe o que ele está fazendo quando elogia sua bunda, quando fala do seu decote. A gente tem que denunciar não importa como, não importa quem seja (o assediador). E que nossa união dê forças a todas as mulheres, porque eu fui muito abraçada”.