Uma ex-atriz contou nesta quarta-feira, 29, no julgamento de Harvey Weinstein em Nova York que o produtor de Hollywood exigiu que ela tivesse relações sexuais com ele e uma assistente em troca de um papel em um filme.
Dawn Dunning, de 40 anos, também disse no sexto dia de julgamento no tribunal penal estadual de Manhattan que, dias antes da proposta, tinha sido vítima de abuso sexual por parte de Weinstein. Dunning é uma das mulheres que a Promotoria de Nova York convocou como testemunhas para apoiar sua acusação de que Weinstein é um predador sexual.
Os fatos denunciados por essas três supostas vítimas não fazem parte da acusação.
Embora mais de 80 mulheres o tenham denunciado por abuso, agressão sexual ou estupro, Weinstein só foi acusado pelo estupro de uma mulher em 2013 e de agressão sexual de outra em 2006, já que a maioria dos crimes prescreveram. Se for considerado culpado ao fim deste processo, que deve terminar no início de março, poderá ser condenado à prisão perpétua.
A acusação de Dunning
Aspirante a atriz, Dunning trabalhava em um bar de Manhattan quando conheceu Weinstein em 2004. O produtor falou com ela sobre vários projetos, até que houve um encontro entre ambos em um quarto de hotel em 2005. Quando Weinstein convidou-se a se sentar em uma cama, a mulher disse que não desconfiou porque tinha gente do lado.
Em um segundo momento, contou, o magnata colocou sua mão debaixo da saia dela e tentou penetrá-la. “Não houve nenhum sinal antecedente”, declarou a mulher na corte. Dunning se levantou da cama. Weinstein interrompeu, se desculpou e prometeu que isso nunca mais voltaria a acontecer.
A testemunha disse que nunca tinha contado esse episódio a ninguém. “Tive vergonha”, explicou. “Não queria ser uma vítima”.
Cerca de duas semanas mais tarde, Weinstein falou com ela sobre um novo papel e propôs encontrá-la no hall de outro hotel. Contudo, ela foi levada a uma das suítes por uma assistente. O produtor explicou-lhe que, para conseguir um papel, deveria fazer sexo com ele e sua assistente.
Dunning caiu na risada, mas Weinstein “ficou realmente furioso” e gritou “você nunca fará sucesso” nesta indústria. Ela também disse que, segundo o produtor, atrizes como Charlize Theron e Salma Hayek tinham cedido a seus desejos. Dunning fugiu aterrorizada. “Depois disso, dei fim à minha carreira de atriz”, declarou.
Durante o contra-interrogatório, um dos advogados de defesa, Arthur Aidala, insistiu que Dunning foi por vontade própria ao segundo encontro, quando supostamente tinha sido agredida em uma primeira reunião.
Depois de Dunning, foi a vez de outra testemunha, Tarale Wulff, 43 anos, modelo que conheceu Weinstein quando era garçonete. Ela contou que o produtor agarrou-a pelo braço em 2005 e levou-a a uma parte escura do lugar onde trabalhava e se masturbou na frente dela. A mulher disse que fugiu correndo.
A modelo disse que Weinstein estuprou-a mais tarde, em um apartamento no SoHo ao qual ela chegou porque o produtor enviou um carro para segui-la. O réu a levou para a cama e quando Wulff protestou, Weinstein disse: “Não se preocupe, eu não posso ter filhos”.
“Ele entrou em mim e me estuprou. Certamente ele era maior e mais pesado. Foi um choque”, disse Wulff. Ela nunca recebeu nada em troca do acusado, disse.
Wulff é a segunda das quatro testemunhas chamadas pela Promotoria a contar na corte ter sido estuprada por Weinstein, depois do depoimento da atriz da “Família Soprano” Annabella Sciorra na quinta-feira passada, que relatou ter sido violentada pelo produtor entre 1993 e 1994.
No contrainterrogatório, a advogada de defesa Donna Rotunno acusou Wulff de trocar o ano do suposto ataque, de 2004 para 2005, meses antes do julgamento. Também disse que Wulff aceitou encontrar-se com Weinstein apesar de ter dito que sofreu agressão sexual no bar.
Weinstein, de 67 anos, garante que todas as suas relações foram consentidas.
(com AFP)