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Testemunha do caso Weinstein sofre ataque de pânico durante depoimento

Dura rodada de perguntas feitas pela defesa do produtor acusado de estupro tentou desmoralizar testemunho dado na última sexta-feira

Por Da Redação Atualizado em 4 fev 2020, 07h45 - Publicado em 4 fev 2020, 00h50

Uma testemunha-chave do julgamento por abuso sexual do produtor de cinema Harvey Weinstein sofreu, nesta segunda-feira, 3, um ataque de pânico durante uma dura rodada de perguntas da defesa, que a acusou de manipulá-lo para avançar na carreira.

O juiz responsável pelo caso, James Burke, foi obrigado a cancelar a sessão depois de Jessica Mann começar a chorar descontroladamente ao ler uma carta que enviou ao seu ex-namorado, na qual explicava que havia sido agredida sexualmente no passado e que temia ser penalizada pelos erros que cometeu.

No texto, escrito em maio de 2014, a ex-atriz falava sobre “dinâmica” que tinha com Weinstein, que sempre a apoiava quando ela se sentia sem esperanças devido às más relações que tinha com o pai.

Com a voz trêmula e visivelmente emocionada, Mann disse, lendo a carta, que Harvey sempre a ajudava e estava presente de um jeito que os pais dela nunca estiveram. “Harvey tinha a idade de meu pai e me deu a aprovação que eu precisava”, leu a ex-atriz.

Burke ofereceu um recesso, mas, no retorno do depoimento, Mann começou a sofrer o ataque de pânico.

A suposta vítima do produtor passou por cinco horas de um exaustivo interrogatório conduzido pela principal advogada de Weinstein, Donna Rotunno, que apresentou uma série de e-mails carinhosos trocados pelos dois até 2016 e que, em sua opinião, provam que o ex-todo poderoso de Hollywood mantinha uma relação consensual com suas principais acusadoras.

“Obrigado por seu apoio incondicional e amabilidade. Você me ajudou a acreditar em mim mesma”, escreveu Mann em um e-mail seis meses depois do suposto estupro. “Ninguém me entende tanto quanto você”, escreveu em outra mensagem.

Rotunno tentou desacreditar o depoimento feito por Mann na última sexta-feira, quando a ex-atriz afirmou ter sido estuprada por Weinstein em um hotel de Nova York em 2013. Ela também questionou a relação posterior entre os dois, argumentando que a suposta vítima fazia sexo com seu cliente para crescer em Hollywood.

Em uma terceira mensagem, escrita em 2014, Mann fez alusão ao sorriso de Weinstein e a seus “belos olhos”.

Hoje, a ex-atriz respondeu muitas das perguntas incisivas com insegurança e deu mais detalhes de uma relação sexual que começou de forma consensual com um sexo oral não forçado, mas que acabou como um ato não consentido por ela.

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Mann falou sobre um incidente citado no depoimento de sexta-feira e lembrou que, certa vez, enquanto os dois tomavam juntos, Weinstein a perguntou se ela sabia o que era uma “golden shower”. Quando disse não conhecer o termo, o produtor começou a urinar sobre ela.

“Me relacionei com um abusador porque acreditava na minha mente e pela percepção da sociedade em que vivia. Sempre foi o melhor para os meus interesses que as coisas entre nós ficassem bem”, afirmou a suposta vítima no depoimento.

A ex-atriz, que afirmou ser uma “pessoa insegura” na época em que as alegações de abuso teriam ocorrido, disse que a relação que teve com Weinstein depois do suposto estupro sofrido em 2013 era “o segredo mais profundo” que ela tinha.

“Você manipulou Harvey?”, perguntava reiteradamente a advogada a Mann, que, de bate-pronto, respondeu. “Como consegui processar (o suposto abuso) e sobreviver, suponho que sim”.

Weinstein, de 67 anos, poderia ser condenado à prisão perpétua se for considerado culpado de ser um predador sexual em relação à suposta agressão de Mann e à denúncia da ex-assistente de produção Mimi Haleyi, que o acusa de fazer sexo oral nela contra a vontade em 2006. Ele nega as acusações e assegura que todas as suas relações foram consensuais.

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(com EFE e AFP)

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