‘The Voice’ volta a coroar a música americana ‘made in Brazil’
Candidata de Teló, Samantha Ayara, que participou do programa em 2016 e teve a voz definida por Lulu Santos como ‘raio laser’, festejou vitória com Beyoncé
“Raio laser.” Assim Lulu Santos definiu a voz de Samantha Ayara, a vencedora da edição 2017 do reality show The Voice Brasil, da Globo. Raio laser diz tudo: Samantha Ayara parece um sabre de luz, uma espada jedi, tamanha a filiação ao cancioneiro americano. A mineira de 20 anos, aliás, comemorou a vitória soltando o gogó com a mesma música que a colocou no programa pela segunda vez – ela já havia participado da competição em 2016, quando foi eliminada: Pretty Hurts, da cantora Beyoncé. É a música brasileira made in USA. Ou a música americana ‘made in Brazil.
Candidata do time do sertanejo Michel Teló, Samantha deu ao técnico sua terceira vitória seguida no reality. Teló, naturalmente, foi confirmado por Tiago Leifert na próxima edição do programa, assim como Carlinhos Brown e seu ajayô, Lulu Santos e sua neurastenia e Ivete Sangalo e seu bom humor, que não faltou nem na hora de fazer, sozinha, a apresentação que dividiria com MC Livinho, desconvidado pela Globo por agredir um rapaz durante um show.
Ivete terá gêmeas no início do ano. Até o segundo semestre, e a sétima temporada do The Voice Brasil, já deve estar de volta para girar a cadeira de técnica e disparar suas tiradas espirituosas.
A influência americana não está apenas no repertório de Samantha Ayara – e no de dois outros finalistas, Day e Vinicius D’Black. Está no jeito de cantar, de projetar e de soltar a voz, de entoar as notas de cada canção. Mesmo quando interpreta uma música em português, ela o faz como se fosse uma diva pop internacional. Não cabe a um reality show, é claro, adotar políticas protecionistas. Ainda mais no The Voice, que tem a sua final decidida pelo público – que, em parte pela história de superação de Samantha, derrotada em 2016, deu a ela 41% dos votos.
Mas, depois de seis edições marcadas por uma grande presença americana e pelo desaparecimento imediato dos vencedores, vale pensar a respeito da escolha feita pelos participantes. Todos cantam bem, é fato, mas é possível que, em um país onde a música nacional é a que mais vende – leia-se o sertanejo em suas constantes mutações –, o caminho para o sucesso passe longe de copiar o que fazem os músicos americanos.