Tiago Leifert, o Pedro Bial S
Novo apresentador do ‘BBB’ segue o estilo do antecessor, mas com adornos da geração Y: textão é raro e leva referências de games, esportes e internet
“A Roberta deu follow na Emilly, depois deu unfollow. Ela deu block, reportou a conta da Emilly e deu follow na Vivian.” Foi assim, com uma linguagem conectada, que Tiago Leifert resumiu a relação entre Emilly, a gêmea que vem vencendo paredões e se fortalecendo na disputa pelo prêmio de 1,5 milhão de reais do BBB17, e Roberta, que em seguida sairia do reality show da Globo com 79,43% dos votos do público. Ela deixou o confinamento de mala e dreads na noite desta terça-feira, depois de fazer as pazes com a ex-amiga gaúcha, em um processo de intervenção conduzido por Leifert, que, no melhor do estilo seguro de Pedro Bial, chegou a amansar as duas quando ameaçavam levantar a voz e descambar numa briga feia. Também não faltou segurança ao definir o chute de Emilly em Marcos como “brincadeira” — para a ira dos que pediam sua expulsão.
O estilo é parecido. Afinal, depois de dezesseis anos, Bial formatou um jeito de comandar reality shows que fez dele um dos enternainers mais bem pagos do país – em uma única temporada do BBB, falava-se que ele teria ganhado a bolada de 3 milhões de reais – e o pôs acima de rivais como Britto Jr. e Roberto Justus, seus congêneres da Record. Mas não é igual. Avesso a textões, ele só faz uso deles em ocasiões especiais, como em noites de paredão, e com uma mudança fundamental: saem as metáforas mirabolantes com pendor para a auto-ajuda e entram as referências da cultura geek, dos games e dos esportes, áreas em que Leifert se sente confortável. Além do humor, mais forte em Leifert do que em Bial.
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Um jogo de tabuleiro foi, aliás, evocado por Leifert antes de ele explicar a relação de Emilly e Roberta com base nos relacionamentos feitos e desfeitos nas redes sociais. Que, aliás, ele também sabe usar melhor, replicando memes, fazendo piadas com os participantes (uma foto de um ensaio sensual de Pedro estampa a capa de seu perfil no Twitter), interagindo e divulgando notícias ligadas ao programa, como a de que o cantor Justin Bieber entrou em um vídeo ao vivo de Mayla, a gêmea de Emilly, e a chamou de “gostosa”.
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“Para nós, que estamos olhando esse tabuleiro de longe, é tão pouco”, disse, sobre as razões (ciúmes?) que levaram as duas amigas a se distanciar na casa. Ele também teve seu momento paizão (ou tiozão), de passar sermão nas meninas. Pode ser estranho se você pensar que ele tem apenas 36 anos – Pedro Bial tem 58 e parece mais preparado para isso. Mas Emilly e Roberta são garotas muito mais novas, de 20 e 21 anos, parte da geração millennials, como ele fez questão de frisar. “Geração Y”, tentou corrigir a gaúcha, para apenas confirmar o que ele dizia. “É a mesma coisa, geração Y, millennials”, disse Leifert, sem perder a linha do raciocínio.
“Uma crítica para a geração de vocês, os millennials, é que vocês têm muita pressa e pouquíssima paciência. Vocês dão follow e unfollow”, pontuou, num momento moralista, outra técnica de apresentação consagrada por Pedro Bial. “Foi mais ou menos isso que aconteceu nessa velocidade. Mas, cara, a vida não é assim. Tem muitos jeitos de resolver as coisas aí no meio. Talvez a Ieda, o Ilmar, o Marcos, o Daniel, entendam isso. E talvez vocês tenham dificuldade de entender”, arrematou, do alto de sua maturidade de apresentador.
Porque, sim, Tiago Leifert é um apresentador maduro para o cargo que ocupa — que não vem a ser nenhum trono da alta cultura. Pode ter entrado em um formato já consolidado, mas sabe dar seus toques para personalizar o jogo. Ele é como um Pedro Bial S: uma versão atualizada, como o iPhone S é do iPhone original.