Dos 12,8 milhões de desempregados no Brasil, um quarto deles está na busca por recolocação profissional há dois anos ou mais. Ao todo, eram 3,347 milhões de pessoas nessa situação no segundo trimestre deste ano. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esses números são os maiores para um trimestre desde 2012, quando a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) começou a fazer este recorte. O crescimento no desemprego de longo prazo desde o início da série é de 120%, aponta o instituto.
No primeiro trimestre deste ano, esse contingente era de 3,319 milhões de desempregados em busca de uma vaga há tanto tempo. O número vai na contramão da taxa de desocupação, que recuou de 12,7% para 12% no período.
Em um ano, houve acréscimo de 196.000 pessoas que estão à procura de emprego há dois anos ou mais. Esse total era de 1,435 milhões de pessoas em 2015, um indicador com tendência de crescimento em função da dificuldade da inserção no mercado de trabalho a partir do início da crise econômica, em finais de 2014.
“A proporção de pessoas à procura de trabalho em períodos mais curtos está diminuindo, mas têm crescido nos mais longos. Parte delas pode ter conseguido emprego, mas outra aumentou seu tempo de procura para os dois anos”, avalia a analista da PNAD Contínua, Adriana Beringuy.
Segundo a Pnad, 1,807 milhão de trabalhadores procuram emprego há mais de um ano, mas menos de dois anos. O grosso dos desempregados no quarto trimestre, 5,823 milhões, estava em busca de uma vaga havia pelo menos um mês, mas menos de um ano. Na faixa dos que tentavam encontrar um trabalho havia menos de um mês, estavam 1,789 milhão de pessoas.
O elevado tempo de procura por emprego é um dos fatores que ajudam a explicar o desalento, por exemplo, avalia a especialista. O desalento é a condição em que o trabalhador não tem uma ocupação, mas também deixa de buscar por emprego. No segundo trimestre, o país tinha 4,9 milhões de desalentados. A maior parte está na Bahia (766.000 pessoas) e no Maranhão (588.000 pessoas).
Esse contexto também influencia a informalidade em um mercado de trabalho composto por 19,4 milhões de trabalhadores por conta própria sem CNPJ, 11,5 milhões de empregados sem carteira assinada e 873.000 de empregadores sem CNPJ.
“É uma inferência que pode favorecer inserções em ocupações de menores rendimentos, sem vínculos formais, como os conta própria ou sem carteira de trabalho, e até mesmo no desalento”, avalia Adriana.
Entre os estados com maior aumento na proporção de trabalhadores sem carteira assinada, na comparação com o primeiro trimestre, estão Amazonas (33,5%), Amapá (24,6%) e Tocantins (20%).