O valor total das exportações brasileiras poderia ter sido maior se não fossem as barreiras comerciais encontradas por exportadores ao longo do caminho. É o que afirma relatório da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Foram 77 barreiras notificadas ao governo brasileiro em 25 países — 21 medidas sanitárias; 18 regulamento técnico; 14 impostos de importação; 10 embarreiradas por medidas de sustentabilidade; 5 por licenciamento.
Em 2022, estima-se que somente no que diz respeito à União Europeia, China e Argentina cerca de 50% das exportações brasileiras encontraram obstáculos para cada um desses mercados. Dos 155 bilhões de dólares exportados para esses três destinos, mais de 78 bilhões de dólares foram expostos a barreiras, o que representa 26% do valor total exportado pelo Brasil no ano passado.
“No contexto atual, mais do que nunca, é fundamental contar com uma estratégia brasileira proativa de eliminação de barreiras comerciais para aumentar as exportações e competitividade da indústria do Brasil”, afirmou a gerente de Comércio e Integração Internacional da CNI, Constanza Negri.
As barreiras ao comércio internacional podem surgir em forma de lei, regulamento, política, medida ou prática governamental que imponha restrições ao acesso de produtos, serviços ou investimentos estrangeiros em um mercado. Os obstáculos podem ter formas diferentes e ser aplicados em várias fases do processo de comércio exterior, como requisitos excessivos e impostos cobrados na saída do país em que o bem foi produzido ou na entrada do produto no mercado alvo.
As barreiras às exportações brasileiras no exterior têm aumentado em quantidade e tipo, e adquirido formas mais sofisticadas, muitas vezes de difícil identificação, que dificultam a inserção internacional. De acordo com o Global Trade Alert (GTA), o Brasil foi potencialmente afetado por mais de 9.430 restrições comerciais entre 2009 e 2022, o que indica um acúmulo de restrições ao comércio internacional desde a crise financeira global.