O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, não gostou da postura do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao comparar representantes dos contribuintes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o Carf, a “detentos”. A metáfora se referia à época em que o voto de qualidade do Carf esteve extinto e os contribuintes eram favorecidos em caso de empate. Sem nominar o ministro, a entidade emitiu nota na qual dizia que “apesar de declarações de autoridades, impróprias e infelizes, a Fiesp confia que os julgamentos no Carf serão técnicos e imparciais”. Em entrevista a VEJA, Gomes afirmou que o ministro errou e que “as palavras têm peso”.
“Eu continuo acreditando que o Carf vai continuar tomando decisões técnicas e imparciais e que as falas foram infelizes e impróprias. As autoridades sempre têm de medir muito as palavras [quando falam], porque as palavras têm peso. As de um presidente da República têm mais do que as de um ministro da Fazenda, mas as de um ministro da Fazenda também têm muito peso”, ressalta Gomes. “A pessoa falar menos às vezes é melhor. Às vezes a pessoa fala demais e acaba dizendo o que não deve.”
A despeito da crítica, Gomes elogia o trabalho em geral do ministro e atribui a ele os ganhos que serão gerados com a aprovação do novo arcabouço fiscal. “Acho que ele tem feito um trabalho que está sendo aplaudido. O marco fiscal que ele conseguiu aprovar, de fato, precisavava ter um aperfeiçoamento, já que o grande impacto que o teto de gastos trazia era a redução cada vez maior da capacidade de investimento do Estado”, afirmou. “O governo federal não estava investindo, porque o teto de gastos vinha comprimindo a capacidade do Estado de investir. O aperfeiçoamento do marco fiscal foi uma vitória do governo federal e do Congresso. E ele [Haddad] tem tido muita participação extremamente importante nisso. Fora isso, ele também tem abraçado, junto a outros ministérios, a questão da transição energética, da energia verde. Então, acho que ele tem tido um desempenho bom”, complementa, antes de fazer uma ressalva: “Ele tem, por vezes, essas falas infelizes, mas isso tem de ser relevado. O que não pode é persistir no erro.”