O ministro da Economia Paulo Guedes declarou neste domingo, 24, que a economia crescerá este ano e em 2022, marco temporal considerado fundamental para que se possa medir o desempenho da campanha do presidente Jair Bolsonaro à reeleição. Ao lado do mandatário em uma agenda pública em Brasília, Guedes classificou como “narrativas políticas” as críticas à má performance econômica e voltou a defender a aprovação de reformas, como a administrativa e a do Imposto de Renda, para que o país possa ter caixa para bancar programas sociais como o Auxílio Brasil.
“Essa história que o Brasil não vai crescer é narrativa política. O Brasil vai crescer bastante. Já está crescendo este ano e vai crescer no ano que vem”, disse ele, que elogiou o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), por ter conduzido a aprovação da reforma do Imposto de Renda e cobrou o contraparte no Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para que também leve adiante propostas como a de regulação administrativa.
Segundo Guedes, caso esta reforma seja viabilizada, seriam poupados 300 bilhões de reais nos próximos oito ou dez anos. Esta cifra, completou, contrabalancearia os bilhões de reais que, fora do texto de gastos, seriam agora utilizados para socorrer a população de baixa renda, mais afetada pelo baque econômico provocado pela pandemia. “O presidente da República sempre aprovou as reformas. Ele é um político popular e está deixando a economia ser reformista. Ele não é um populista”, afirmou.
Paulo Guedes ainda comentou as pressões políticas para que o programa sucessor do Bolsa Família seja reajustado para além do patamar de 400 reais, considerado factível pelo Ministério da Economia. “Ele [o presidente] fica em um difícil equilíbrio. De um lado, os políticos querem botar 500, 600, 700. Tem muito populista aí, inclusive candidato a presidente, falando em 600, 700, 800. O presidente precisa enfrentar o problema da miséria que se ‘agudizou’ na pandemia. Ele precisa de 30 bilhões de reais para dar 100 reais a mais no Bolsa Família. Já tínhamos previsto 300 dentro do teto”, explicou.
Ao longo da semana passada, Guedes afirmou que, para bancar o Auxílio Brasil de 400 reais, seria necessário pedir um “waiver” (perdão) de 30 bilhões, que ficariam fora do teto de gastos. Neste domingo, disse que defende o teto de gastos, mas também a necessidade de “atender os brasileiros mais frágeis”. “Todos sabem que eu defendo o teto. O teto é uma bandeira nossa de austeridade. A reformulação é tecnicamente correta para sincronizar as despesas com o teto, mas evidentemente que todo mundo vai dizer que isso é um oportunismo político. O teto é um símbolo de compromisso com as gerações futuras, mas, se vocês perguntarem para as gerações futuras ‘nós vamos deixar 17 milhões de famílias passando fome?’, eles vão dizer que não”, afirmou o ministro.
“Era muito fácil para o presidente falar ‘Paulo Guedes, vai embora para casa, eu vou dar 600, 700 para todo mundo’ e ser um governo populista. Sou defensor do teto, vou continuar defendendo o teto, defendo as privatizações, mas o presidente tem que tomar uma decisão política muito difícil. Se ele respeita o teto, ele deixa 17 milhões de famílias passando fome. Eu tenho que calibrar essa ajuda”, disse.