A mais nova estocada de Lula no Banco Central e nos juros
Presidente disse que "não há explicação" para Selic em 13,75% e volta a criticar Campos Neto: "A história julgará cada um de nós"
Após seus ministros e aliados próximos demonstrarem irritação sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que decidiu pela manutenção da taxa básica de juros no maior patamar desde 2016, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostrou um tom de incredulidade ao falar sobre os juros em 13,75%. Segundo o presidente, “não há explicação” para que a Selic esteja neste patamar.
“Eu digo todo dia: não tem explicação para nenhum ser humano do planeta Terra a taxa de juro no Brasil estar a 13,75%. Não existe explicação”, disse Lula durante visita a um complexo da Marinha no Rio de Janeiro. Desde o início do governo, mas especialmente após a primeira reunião do Copom neste ano, em fevereiro, Lula vem batendo na questão dos juros, argumentando essencialmente sobre a desaceleração da economia com o crédito caro para empresas e famílias.
No comunicado na reunião de março, o Copom reconheceu os sinais de desaceleração tanto da economia brasileira como da global, mas afirmou que a pressão inflacionária, acima da meta não só no curto prazo, fará com que o colegiado siga a estratégia de manutenção dos juros em patamares mais altos e sinalizou até mesmo uma alta dos juros.
Lula voltou a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicado para o cargo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Eu, como presidente da República, não posso ficar discutindo cada relatório do Copom, eu não posso. Eles que paguem o preço pelo que eles estão fazendo. A história julgará cada um de nós”, afirmou.
Campos Neto tem mandato até 2024 e teve seu nome aprovado pelo Senado Federal. Ele é o primeiro presidente do BC desde que a autonomia do Banco Central foi aprovada, em 2021. “Quem tem que cuidar do Campos Neto é o Senado que o indicou”, disse Lula. “Ele não foi eleito pelo povo, ele não foi indicado pelo presidente, ele foi indicado pelo Senado. Quando eu tinha o Meirelles, que era indicado meu, eu conversava com o (Henrique) Meirelles. Agora, se ele quiser, esse cidadão nem precisa conversar comigo.”