O presidente demitido da Petrobras, o general Joaquim Silva e Luna, é claro ao ser indagado sobre como vê a possibilidade de privatização da empresa. Militar do Exército, o mandatário vê com bons olhos a concessão da estatal de petróleo à iniciativa privada — talvez por experiência própria. Vivendo na pele as tentativas de ingerência do presidente Jair Bolsonaro na estatal, o general afirmou, em entrevista a VEJA, que entende a privatização como um mecanismo de diminuir — ou extirpar — as influências políticas dentro da estatal.
“Quando se privatiza uma empresa, se acaba com a possibilidade de ingerência política — um dos principais temores dos investidores”, afirma. “Sou favorável. Se fosse privatizada, acho que a Petrobras triplicaria de valor, prestando o mesmo serviço para o país, sem ter que se explicar. Como ninguém critica a conta do telefone, não se falaria dos combustíveis”, compara com a privatização dos serviços telefônicos, patrocinados pelo governo Fernando Henrique Cardoso nos anos 1990.
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, já se expressaram publicamente favoráveis à privatização da companhia. Como mostra reportagem de VEJA, porém, o ministro está careca de saber que não vai ter privatização da Petrobras agora, mas quer plantar a semente para a próxima gestão. De quebra, criar discurso para o presidente dizer que está pensando em soluções definitivas para o problema do aumento dos combustíveis. Isso posto, é muito mais fácil, para Bolsonaro, continuar com as garras sobre a empresa.