Ações perdem até de poupança no 1º semestre
Ibovespa chegou ao fim de junho com queda de 6,07%; poupança, na vice-lanterna, registrou ganhos de 2,32%
A incerteza frente às eleições de outubro, os efeitos da greve dos caminhoneiros e a guerra comercial travada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o resto do mundo são alguns dos motivos que podem ter feito a Bolsa fechar o primeiro semestre de 2018 na lanterna das aplicações financeiras, atrás até da caderneta de poupança.
O Ibovespa, índice composto pelas ações mais negociadas na B3, chegou ao fim de junho com queda de 6,07%. Até abril, ele acumulava alta de 12,71%. A poupança, na vice-lanterna, registrou ganhos de 2,32%, também de janeiro a junho.
A aplicação campeã do período foi o dólar. A moeda americana teve valorização de 16,96%, mais de um ponto percentual acima do ouro, segundo mais bem posicionado no ranking do semestre, com alta de 15,78%.
O coordenador do laboratório de finanças do Insper, Michael Viriato, explica que a valorização do ouro é consequência direta da alta do dólar, já que a commodity é negociada por meio da moeda americana. “O ouro em si teve desvalorização de quase 1% lá fora, mas, como é cotado em dólar, pegou carona no câmbio.”
Para o segundo semestre, Viriato acredita que a tendência é de melhora nos investimentos de mais risco, como os papéis de empresas, conforme os investidores se acomodem a um cenário político mais definido (o segundo turno das eleições acontece em 28 de outubro). “Tivemos três meses bons seguidos por três meses ruins. Vejo essa relação se inverter no resto do ano”, afirma.
Pesou também para o resultado ruim das ações a manutenção da taxa Selic em 6,5% ao ano, aponta o administrador de investimentos Fabio Colombo, que calculou o retorno das aplicações no período. A decisão do Banco Central, em maio, de não diminuir a taxa básica de juros da economia quebrou a sequência de 12 cortes consecutivos, pegando de surpresa a maior parte do mercado. A decisão afetou os papéis, já que juros menores são, em geral, benéficos para o caixa das companhias, que gastam menos para financiar suas operações.