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Agricultores italianos também se opõem a acordo UE-Mercosul

Irlandeses e franceses já haviam se posicionado contra; para passar a valer, pacto precisa de aprovação pelo parlamento europeu e Congressos sul-americanos

Por da Redação
Atualizado em 15 jul 2019, 19h31 - Publicado em 15 jul 2019, 17h00
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  • O setor agrícola italiano se opõe fortemente ao acordo comercial que a União Europeia (UE) fez com o Mercosul em junho, disse o ministro italiano da Agricultura, Gian Marco Centinaio, nesta segunda-feira, 15.

    “Expressamos uma forte preocupação”, disse Centinaio a repórteres em Bruxelas, sede da União Europeia. Ele afirmou acreditar que o governo italiano vai se opor ao acordo, que exige o voto da maioria dos países da UE para ser aprovado. Ainda segundo o ministro, o acordo é como uma “arma apontada para a cabeça” do setor agrícola italiano, já que não oferece garantias. “Haverá uma invasão de produtos”, completou Centinaio, que é um aliado próximo do vice-primeiro-ministro de extrema-direita, Matteo Salvini.

    Apesar da animação com o acordo em ambos os blocos, os agricultores italianos não são os únicos que se posicionaram contra o pacto. Na sexta, parlamentares irlandeses aprovaram uma emenda proposta pelo partido da oposição Sinn Féin por 84 votos a favor e 46 contra, para pressionar o governo a liderar a oposição dentro da União Europeia ao acordo comercial com o Mercosul. O texto é apenas simbólico e não tem valor vinculativo, mas coloca mais pressão sobre o bloco.

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    No dia 7 de julho, parlamentares franceses de oposição, do partido de direita Republicanos, também se posicionaram contra e assinaram um artigo no qual chamam o pacto de “um erro econômico e horror ecológico”. Além disso, a porta-voz do governo francês, Sibeth Ndiaye, reforçou as dúvidas sobre o posicionamento francês quando, um dia depois do acordo ser divulgado, disse que o país não esta pronto para assiná-lo no momento.

    Do lado do Mercosul, o candidato à Presidência da Argentina Alberto Fernández já disse que o recém-anunciado acordo pode ser revisto caso ele seja eleito, no final do ano. “O que mais me preocupa é que o acordo condena a Argentina a um processo de desindustrialização muito grande. Precisamos levantar as indústrias para devolver o emprego à Argentina e a maior obsessão que tenho é que não haja um só argentino sem trabalho”, disse Fernández.

    Acordo UE-Mercosul

    O acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia foi anunciado no dia 28 de junho e tem potencial de alavancar o comércio de produtos do agronegócio do Mercosul e de bens industrializados europeus.

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    Segundo o Ministério da Economia, o acordo permitirá a expansão de 87,5 bilhões de dólares no produto interno bruto (PIB) brasileiro em quinze anos. Considerando a redução esperada das barreiras não tarifárias e o aumento da produtividade dos fatores dos setores produtos do país, esse ganho poderá chegar a 125 bilhões de dólares. A pasta estima a elevação de 113 bilhões de dólares nos investimentos no Brasil, e o comércio entre Brasil e União Europeia deverá alcançar 100 bilhões de dólares em 2035.

    O acordo abrange ainda os setores de serviços, proteção de investimentos e compras governamentais de lado a lado. No caso do comércio de bens, a maioria será beneficiada pela adoção de tarifa zero de importação. Os setores mais sensíveis dos dois blocos terão as tarifas reduzidas ao longo do tempo. Os produtos agrícolas do Mercosul, em especial as carnes, terão as importações regidas por cotas da União Europeia.

    Para valer, é necessário que o acordo seja ratificado pelo Parlamento da União Europeia e o Congresso dos quatro países sul-americanos. Há pontos, porém, que só terão efeito após cada um dos Parlamentos dos 28 países que compõem a União Europeia der seu aval.

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    (Com Reuters)

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