Altos salários: Brasil é um dos que mais gasta com funcionalismo público
Estudo da CNI mostra que o Brasil está no sétimo lugar do ranking dos países que mais gastam com servidores públicos; foram estudados 70 países
Juízes, desembargadores, ministros supremos, procuradores, diplomatas, assessores legislativos, deputados, auditores fiscais, presidente, ministros, governadores, generais, coronéis. Não importa se na ativa ou na reserva ou aposentados, juntos eles possuem os maiores salários entre servidores públicos e contribuem significativamente para colocar o Brasil entre os dez mais de um ranking não muito positivo. As despesas com servidores brasileiros, em relação ao PIB, estão entre as mais elevadas de uma lista de 70 países, de acordo com a nota econômica “O peso do funcionalismo público no Brasil em comparação com outros países” elaborada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os gastos com pessoal da União, dos estados e dos municípios representaram 13,4% do PIB em 2018, colocando o Brasil em sétimo lugar no ranking. E o funcionalismo representa apenas 5,6% da população brasileira e 12,5% da população empregada.
De acordo com a nota da CNI, a principal explicação está justamente nos salários altos dos servidores comparativamente com a iniciativa privada. Na média, os funcionários públicos brasileiros recebem 67% mais do que um trabalhador privado, e este é o índice mais alto segundo estudo do Banco Mundial com 53 países. Para ter uma noção da distorção, na média dos países, a vantagem salarial dos servidores públicos é de 16%. Outro dado que chama a atenção é o gasto que o governo federal tem com o funcionalismo. Apesar de ter apenas 10,4% do total de servidores do país, seus gastos representam 25% de tudo o que se paga a funcionários públicos em todas as esferas. E isto acontece justamente por conta da remuneração mais alta, segundo a CNI. Um servidor legislativo federal, com faculdade, ganha 27,4 mil reais. No Executivo, este salário é de 12,5 mil reais.
Outro dado que chama a atenção da nota divulgada pela CNI é o que o Brasil gasta com o Poder Judiciário comparativamente a outros países. No Chile, se gasta 0,22% do PIB. Na Argentina, 0,13%. No Brasil é 1,3% do PIB. Só com servidores, o Judiciário brasileiro gasta 0,66% do PIB. A CNI está distribuindo este estudo entre políticos, especialmente no Congresso Nacional onde está se discutindo a reforma administrativa. Resta saber se a reforma proposta vai pegar os altos salários e vai abranger também os militares. Segundo informação da CNI, o estudo engloba tudo o que se gasta com salários no setor público, o que inclui o alto escalão do Executivo e os militares. No ranking geral, o Brasil está à frente dos gastos de países desenvolvidos como Suécia, França e Itália. Entre os poucos que superam o Brasil, estão países como Arábia Saudita, Dinamarca, África do Sul e Noruega