Após derrota na Previdência, Guedes estuda desidratar pacto federativo
Ministro quer compensar perda com destaque aprovado no Senado por meio do projeto que refaz a divisão de recurso arrecadado entre União, estado e município
A equipe econômica do governo Jair Bolsonaro vai refazer as contas do projeto do novo pacto federativo – conjunto de medidas que visam destinar mais recursos para estados e municípios. De acordo com integrantes do governo, a ordem do ministro Paulo Guedes (Economia) é compensar cada bilhão perdido na reforma da Previdência por meio do projeto que refaz a divisão dos recursos arrecadados entre União, estados e municípios. “Toda a enchente morre um sapo, fazer o que? Vamos ver qual sapo vai morrer”, afirmou o líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA), sobre a possibilidade de o pacto federativo ser desidratado no ritmo das mudanças na reforma da Previdência.
O Senado aprovou, por 56 a 19 votos, na noite de terça-feira, 1º, o texto-base da reforma da Previdência, que estabelece novas regras para a aposentadoria no país, entre elas a idade mínima, de 62 anos para as mulheres e de 65 anos para os homens. Apesar da aprovação, o governo sofreu uma derrota. Os senadores aprovaram um destaque, proposta de mudança no texto-base, que mantém como está hoje o pagamento do abono salarial a trabalhadores de baixa renda. O governo previa regras mais duras.
Com isso, a economia que o governo previa com a nova Previdência caiu 76 bilhões de reais, para cerca de 800 bilhões de reais em 10 anos – valor bem abaixo do 1,2 trilhão de reais previsto inicialmente pela equipe econômica.
Após o governo ser derrotado na votação do destaque, o ministro Paulo Guedes cancelou três reuniões que teria com senadores nesta quarta-feira, 2. As audiências seriam realizadas com as bancadas do PSD, PP e MDB no Senado. “Deve ter sido consequência de ontem, do abono salarial”, afirmou Alencar. A conversa, declarou, seria feita para tratar de temas econômicos. “Certamente, eles (a equipe econômica) vão se reunir no Palácio do Planalto em consequência de ontem.” O ministro informou a auxiliares que não tem a intenção de abrir uma guerra com o Legislativo, mas é obrigado a compensar as perdas com a Previdência.
(Com Estadão Conteúdo)