Após três dias, funcionários da Avianca suspendem greve
De acordo com o sindicato, a empresa estaria usando a paralisação para cancelar voos deficitários
Os funcionários da Avianca decidiram em assembleia, no domingo 19, suspender a paralisação, de acordo com o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA). A greve teve início na última sexta-feira e foi mantida durante três dias nos aeroportos Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ).
Segundo Odino Dutra, presidente do SNA, o motivo da suspensão da paralisação foi porque a Avianca estaria usando a greve como desculpa para cancelar mais voos. “[A Avianca] estava cancelando voos deficitários, que estavam com pouquíssimos passageiros, e imputando a responsabilidade dos cancelamentos aos tripulantes”, afirmou. Procurada, a empresa não se pronunciou. O sindicato pleiteava com a greve o pagamento das verbas rescisórias a funcionários demitidos, o que não ocorreu.
O SNA também vai recorrer da decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) em que a ministra Dora Maria da Costa estipula que a greve tenha aderência parcial. De acordo com a liminar dada em favor da Avianca, o sindicato deveria manter 60% dos funcionários da companhia aérea trabalhando para não gerar risco à coletividade, por se tratar de um setor crítico. Em caso de descumprimento, o SNA pagará multa de 100.000 reais por dia de paralisação total.
O sindicato orienta os funcionários a se ausentarem do serviço cumprindo o Manual Geral de Operações, se eles “se sentirem sob condições de estresse devido à falta dos pagamentos e ao risco iminente de serem demitidos, ou se não se encontrarem em condições emocionais adequadas para desempenharem suas funções em voos”.
A crise
Desde que entrou em recuperação judicial, em dezembro do ano passado, a Avianca Brasil vem sofrendo seguidas derrotas. Com mais de 3 bilhões de reais em dívidas, a aérea está operando com apenas seis aeronaves. Outras 29 foram retomadas pela Justiça por causa de dívidas com credores. Um leilão por ativos da companhia seria realizado no último dia 7, mas foi suspenso pela Justiça de São Paulo a pedido da Swissport. A empresa, que é credora da Avianca, afirma que a venda de slots (espaços para pousos e decolagens) é ilegal.
A Avianca recebeu uma proposta da Azul de 145 milhões de dólares (cerca de 594 milhões de reais), mas ainda não se manifestou sobre a oferta.