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Armínio Fraga e Sergio Rial pedem cautela a investidores em lives na web

Em entrevistas distintas, comandadas por seus economistas-chefes, Santander leva seu presidente e Itaú leva o ex-chefe do BC para explicar impacto econômico

Por Alessandra Kianek 15 abr 2020, 18h18

Em duas entrevistas distintas com transmissões ao vivo pela internet realizadas nesta quarta-feira, 15, e conduzidas por economistas-chefes de grandes instituições financeiras do Brasil, o recado dos dois entrevistados foi o mesmo: é hora de cautela para tomar qualquer decisão sobre investimentos, principalmente, devido ao grande momento de incerteza que ronda a economia e os mercados financeiros, devido à expansão da pandemia da Covid-19. O conselho foi dado pelo presidente do Santander no Brasil, Sergio Rial, e pelo ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, em momentos distintos.

“É importante não ter de tomar decisões de investimento agora. Mas é importante também não desistir. Acredito na bolsa de valores, porque acredito na capacidade das empresas em gerar valor ao longo prazo. Existem setores que sairão fortalecidos, como os de proteína animal e o agronegócio como um todo”, afirmou Rial, durante a entrevista conduzida pela economista-chefe do Santander, Ana Paula Vescovi, ex-secretária do Tesouro Nacional.

“Eu teria uma atitude mais cautelosa”, cravou Armírio, ao colega entrevistador ex-diretor de Política Econômica do Banco Central e atual economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita. “É possível que boas oportunidades surjam para comprar ativos de qualidade, mas eu não teria muita pressa. O grau de incerteza é enorme. Como muitos já estavam com a carteira cheia, é um momento de reflexão para cada um entender a sua situação. (…) É preciso aceitar que vai ser um período difícil e que ficaremos um pouco mais pobres”, concluiu. 

Tanto Rial como Armínio concordam que a recuperação da economia mundial não será no formato em V, na qual a retomada é tão rápida quanto a queda, considerada a forma mais otimista. O presidente do banco prevê que a crise estará conosco nos próximos 18 meses a 24 meses. “Não irá ocorrer um retorno como o mercado financeiro fala em formato em V. Será estruturalmente difícil. (…) E essa crise prova a importância de ter um Estado. A ausência teria sido catastrófica. Porém, não necessariamente tão grande, como talvez nós tenhamos.”

Para o sócio da Gávea Investimentos, a agressividade do vírus de se propagar mostra que vamos viver ondas. “Enquanto não vier uma vacina, um tratamento, esse assunto vai continuar. E as consequências serão: muita incerteza por um bom tempo e muita dívida. Os governos estão gastando – e acho que é para gastar mesmo, sobretudo na emergência. O próprio vírus, a meu ver, vai virar um fator que reforçará nacionalismos e protecionismos, com consequências nefastas para as economias no mundo. Não vai haver recuperação em V”, conclui Armínio.

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O presidente do Santander terminou com uma defesa de que a crise trazida pelo coronavírus não seja um pretexto para que as pessoas rasguem contratos ou judicializem ainda mais o Brasil. “Não estamos em guerra. Temos uma situação de saúde pública que os organismos internacionais não foram capazes de prever. Por trás da palavra guerra, tudo se justifica. Por isso, é preciso ter cuidado. Tem espaço para renegociar, não precisa quebrar contratos.”

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