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As críticas envolvendo a Coca-Cola na Conferência do Clima

Companhia é uma das patrocinadores do evento, mas é apontada por diversas organizações climáticas como a maior poluidora de plásticos do mundo

Por Luana Zanobia Atualizado em 7 nov 2022, 12h45 - Publicado em 7 nov 2022, 11h59

A companhia americana Coca-Cola é alvo de uma onda de críticas na 27º Conferência do Clima da ONU (COP 27), que está sendo realizada em Sharm El Sheikh, no Egito. A multinacional é uma das patrocinadoras do evento, mas o financiamento da companhia vem gerando desconforto entre organizações ambientais e ativistas climáticos por ser uma das maiores usuárias e produtoras de plástico do mundo.

O Greenpeace se manifestou dizendo que “era chocante a COP 27 escolher o maior poluidor de plástico do mundo como patrocinador”. A ativista Naomi Klein se pronunciou em tom sarcástico pelo Twitter: “Superdivertido ter uma cúpula climática em um estado policial patrocinado por Coca-Cola”, escreveu. A COP é o evento de maior relevância global sobre clima que reúne diversos chefes de estados para discutir, propor soluções e negociar acordos para o enfrentamento ao aquecimento. Para os críticos, o patrocínio da Coca-Cola pode prejudicar as negociações. “Quando os poluidores dominam as negociações climáticas, não obtemos bons resultados. Como ativista africano, estou preocupado que mais lagos nossos vão ficar cheios de plástico de novo”, disse Nyombi Morris, ativista climático de Uganda e embaixador do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários, em reportagem da BBC.

A Coca-Cola se pronunciou dizendo que “compartilha o objetivo de eliminar resíduos e valoriza os esforços para aumentar a conscientização”. A empresa participa de um pacto global destinado a combater os resíduos plásticos por meio de ações de coleta e reciclagem.  “Nosso apoio à COP27 está alinhado à nossa meta cientificamente fundamentada de reduzir as emissões absolutas de CO2 em 25% até 2030, e à nossa ambição de emissões líquidas zero até 2050”, disse em comunicado. Mas a companhia é acusada de “greenwashing”, termo em inglês para se referir ao falso marketing verde. A companhia aumentou o uso de plástico virgem em 3,5% desde 2019, entrando na lista das empresas que mais aumentou o consumo deste tipo de plástico em 2021, de acordo com levantamento da Ellen MacArthur Foundation. Segundo Steve Trent, CEO da Environmental Justice Foundation, a empresa fez “promessas de melhorar a reciclagem que nunca foram cumpridas”.  Um relatório do Greenpeace mostra que apenas 5% do plástico gerado nos Estados Unidos é reciclado e o motivo para essa taxa de insucesso são os custos. É mais barato para as empresas comprar plástico novo do que reciclado.

A empresa produz 200 mil garrafas de plástico por minuto. Por hora, são 12 milhões de garrafas plásticas que serão descartadas no meio-ambiente. No ano passado, uma auditoria realizada pela Break Free From Plastic, movimento global com mais de 11 mil organizações em 50 países, apontou a Coca-Cola como a maior poluidora de plástico do mundo. Cerca de 99% do plástico global é produzido por combustíveis fósseis, um dos principais poluidores do ar e vilões do aquecimento global. Além disso, os plásticos são as principais fontes de poluição dos oceanos e por estragos no habitat aquático.

No ano passado, a Conferência do Clima foi sediada no Reino Unido e o governo proibiu empresas de combustíveis fósseis a patrocinar o evento. Uma petição com mais de 230 mil assinaturas pede que a ONU retire a Coca-Cola da lista de patrocinadores.

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