A escalada das últimas horas que culminou no anúncio de troca no comando da presidência da Petrobras surpreendeu o mercado e a cúpula da empresa. Mas, para o conselheiro representante dos acionistas minoritários da Petrobras, Marcelo Mesquita, isso é “perfeitamente normal numa estatal”. Como numa empresa privada, o controlador pode mudar o gerente do negócio. “O nervosismo do mercado deveria ser da existência das estatais, que não é uma coisa boa”, diz. “Mas, já que o país não quer privatizar, não elege governantes privatistas, temos de conviver com o sistema de estatais. E, nesse sistema, isso que está acontecendo é perfeitamente normal.”
Agora, os próximos passos envolvem a avaliação do currículo do general Joaquim Silva e Luna pelo conselho de administração da empresa. “Vamos ter de avaliar, se ele é qualificado, se é ilibado, se não tem parente político ou condenação em segunda instância”, afirma o conselheiro. “Se estiver conforme todos os requisitos que a legislação exige, a partir daí, é questão de foro íntimo de cada um eleger um novo membro.”
O processo começa com uma convocação de assembleia de acionistas — já feita nesta noite pelo Ministério de Minas e Energia –, depois, a apresentação e aprovação do dossiê e currículo do general pelo comitê de pessoas e pelo comitê de auditoria do conselho. Só, então, o nome vai para votação no conselho de administração.
Luna, de 69 anos, é diretor-geral da usina hidrelétrica de Itaipu Binacional. General de Exército da reserva, ele serviu por cinco anos no Ministério da Defesa como secretário e chegou a ministro da pasta durante o governo de Michel Temer.
O presidente Bolsonaro está insatisfeito com a política de preços da Petrobras e como isso o afeta politicamente, em especial com sua base entre os caminhoneiros. Nesta sexta-feira, um novo reajuste foi anunciado pela Petrobras. Já é o quarto reajuste do ano e a gasolina nas refinarias acumula alta de 34,78% e o diesel subiu 27,72% no mesmo período.