A atividade industrial na China se contraiu, mostra o Índice de Gestores de Compras (PMI, na sigla em inglês), ao menor nível desde que se tem registro. Em fevereiro, o indicador caiu de 50 pontos para 35,7 — linha de corte de 50 pontos é a que separa expansão de contração. O resultado no mês ultrapassou a queda sofrida durante a crise financeira global de 2008. Os dados ainda apontam que os danos colossais causados pelo surto de coronavírus na segunda maior economia do mundo ainda parecem não terem sido completamente mapeados.
A leitura fornece a primeira fotografia do estado da economia chinesa desde que o surto da doença começou. Somente na China, foram quase 3.000 pessoas mortas pelo coronavírus. Os dados mostram uma interrupção brusca da economia chinesa, algo que provavelmente se estenderá por todo o primeiro trimestre de 2020. As restrições de transporte e as medidas para conter o avanço do vírus são as principais responsáveis pela paralisação da atividade econômica.
Apesar da retração, imagina-se que o pior ficou para trás. Fevereiro contou com a extensão do Ano Novo Lunar para refrear a disseminação do vírus e com várias fábricas fechadas, como as plantas da Apple. Essas unidades estão voltando a funcionar, mas levará tempo até que o ritmo da atividade econômica volte ao normal.
O PMI é um indicador que mede o volume de compras feitos pelos gerentes comerciais de grandes indústrias. Quando o volume cai, o indicador aponta para baixo. Contudo, não se esperava que uma queda tão brusca pudesse acontecer. Em 2008, época da quebra do banco Lehman Brothers, o PMI chinês para 38,8 pontos — o que já indica uma forte contração da atividade industrial. Economistas consultados pela Reuters esperavam que fevereiro mostrasse um PMI de 46 pontos. Estes analistas, depois de divulgado o tombo recorde para 35,7 pontos, parecem até ingênuos.