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Autonomia do Banco Central envolve desenrosco da agenda de reformas

Para membros do governo, possível aprovação da matéria sinaliza estrada aberta para que Guedes consiga emplacar seu projeto

Por Victor Irajá Atualizado em 4 jun 2024, 13h48 - Publicado em 9 fev 2021, 14h08
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  • Não são só a questão técnica e a importância para a credibilidade do país que estão em jogo nas articulações pela aprovação do projeto que confere autonomia ao Banco Central. A ala de costura política dentro do Ministério da Economia vê na consolidação do projeto um aceno consistente ao mercado de que existe um ambiente fluído pelo andamento da agenda de reformas proposta pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Além da consolidação da agenda, o projeto, na leitura de membros do ministério, afasta os temores de qualquer influência da presidência da República na política de juros do país, aumentando a confiança e possibilitando a atração de investimentos externos — garantindo, também, que o belicismo verbal do presidente Jair Bolsonaro tenha menor influência sobre o câmbio.

    Reforma administrativa e autonomia do Banco Central

    Atualmente, a condução da política monetária é atrelada às diretrizes dos mandatários, o que afasta a imagem de condução independente da manutenção de juros, inflação e câmbio. O projeto, que já foi aprovado pelo Senado, deve ser votado na quarta-feira, 10, na Câmara dos Deputados. Depois, caso aprovado, segue para a sanção de Bolsonaro. 

    Para além da mensagem, o projeto é de extrema importância. Aprovado no Senado em novembro do ano passado, a autonomia do BC prevê a criação de mandatos formais de quatro anos (não congruentes aos da presidência da República) e a possibilidade de recondução ao cargo por mais quatro anos, instituindo um tempo formal de mandato, hoje inexistente, conferindo à instituição a credibilidade de estar aquém de vontades do Palácio do Planalto na política monetária.

    A aprovação do texto, agora na Câmara, está sendo costurada pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), em parceria com o novo presidente da casa, Arthur Lira (PP-AL). Guedes vê com bons olhos a atuação do novo mandatário da Câmara, que se comprometeu a dar vazão à agenda, travada desde o início do mandato de Jair Bolsonaro.

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    Relator do projeto da autonomia do BC na Câmara, o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) vem realizando um périplo entre lideranças e ministros como forma de colocá-lo em pauta ainda nesta semana .  quarta-feira. 10. Costa Filho se reuniu com Guedes e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nesta segunda-feira, 8. Ele destrinchou os detalhes do relatório que apresentará, e que foi bem recebido pelos dois.

    Nesta terça-feira, 9, o deputado tem uma reunião marcada com Lira para alinhar os ponteiros em torno da votação da pauta. A aliados, Silvio Costa Filho vem relatando haver pouca resistência dos pares em torno da votação. Presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (RS) telefonou para o deputado nesta terça-feira. Ela alertou, como esperado, que o partido se posicionará contra o projeto, e pediu para que o deputado detalhasse a matéria. No radar de parlamentares da base do governo, apenas PT e PSOL representam entraves significativos para que o Congresso Nacional, finalmente, encerre a votação do texto.

    A leitura de responsáveis pela articulação do governo federal no Parlamento envolve o fato de que, mesmo partidos ao centro que vocalizam resistência ao governo de Bolsonaro, como alas do DEM, o PSDB e o MDB, têm em seus planos o projeto de autonomia do Banco Central em voga. Mesmo “alinhados ao governador João Doria (PSDB)“, como diz um parlamentar, os partidos não devem imprimir qualquer tipo de resistência ao texto. Outro fato benquisto no governo federal foi o tempo concedido pelo presidente da Câmara para a apreciação do projeto. Lira repassou aos deputados o relatório construído por Costa Filho na sexta-feira, 5. “Maia pautava as matérias de supetão, não dava tempo para que os deputados apreciassem”, diz um deputado da base do governo. A ingerência da política na definição de juros e no combate à inflação é nociva para o ambiente econômico brasileiro. Espera-se que, alinhados às visões mais modernas, os deputados garantam ao país o ingresso a um tempo melhor nessa questão econômica.

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