O Banco Central reduziu a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2,4% para 2%. A estimativa está no relatório trimestral da instituição, divulgado nesta quinta-feira, 28. O documento anterior, que previa crescimento de 2,4%, saiu no fim de dezembro.
Segundo o BC, a revisão na projeção do PIB se deve “à redução de carregamento estatístico”, consequência de um crescimento abaixo do esperado para a economia brasileira no ano passado. Em 2018, o PIB foi de 1,1%. Além disso, a instituição também atribui o resultado a “desdobramentos da tragédia em Brumadinho sobre a produção da indústria extrativa mineral; às reduções em prognósticos para a safra agrícola; e, residualmente, à moderação no ritmo de recuperação”.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no país, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.
“A economia segue operando com elevado nível de ociosidade dos fatores de produção, refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego”, analisa o documento.
De acordo com o Banco Central, a previsão para o crescimento da agropecuária é de 1% contra os 2% previstos no último relatório.
O desempenho da indústria foi revisto de 2,9% para 1,8%, com destaque para o extrativismo, que teve as previsões revistas de 7,6% para 3,2% por causa da expectativa de redução da produção em função da ruptura da barragem de Brumadinho, em janeiro. A tragédia deixou 216 mortos e 88 desaparecidos.
O setor de serviços também teve a estimativa revisada e segundo o BC deve crescer 2% e não 2,1% como previsto no trimestre passado.
Política
O relatório não cita tensões políticas dos últimos dias entre o presidente Jair Bolsonaro e o Congresso que deixaram a aprovação da reforma da Previdência em xeque e que vem desanimando o mercado financeiro. Na terça-feira, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, caiu 3,6%
A perspectiva do Banco Central está alinhada com a tendência apontada por analistas do mercado financeiro no Boletim Focus. Nesta semana, o documento apontou a expectativa de crescimento do PIB de 2%, na quarta revisão seguida. Neste ano, os economistas já chegaram a projetar o PIB brasileiro em 2,57%.
Inflação
No cenário com taxa de juros (Selic) e câmbio da pesquisa a instituições financeiras (Focus), a inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve encerrar 2019 em 3,9%, a mesma divulgada em dezembro. O BC também projeta que a inflação deve chegar a 3,8% e 3,9% em 2020 e 2021, respectivamente. Em dezembro, essas estimativas estão em 3,6% para 2020, e em 3,8%, para 2021.
Para fazer as projeções atuais, o BC considerou a taxa câmbio em R$ 3,70, em 2019, R$ 3,75, em 2020, e R$ 3,80, em 2021. Para a taxa Selic, a previsão do mercado é que termine 2019 no atual patamar de 6,5% ao ano, em 7,75% ao ano no fim de 2020, e em 8% ao ano, em 2021.
No cenário com Selic e dólar constantes, em 6,5% ao ano e R$ 3,85, respectivamente, o BC estima para este ano 4,1% de inflação. Nessa trajetória, a inflação cai para 4% em 2020 e sobe para 4,1% em 2021. Nesse cenário, a previsão divulgada em dezembro era um pouco menor em 2019 (4%) e a mesma para os dois anos seguintes.
(Com Agência Brasil)