BC corta Selic para 3,75% e Brasil passa a ter juros reais negativos
Copom segue tendência de outros países e tenta estimular a economia em meio ao agravamento da pandemia causada pelo coronavírus
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu pela sexta vez consecutiva a Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira. O corte anunciado nesta quarta-feira, 18, foi de 0,5 ponto porcentual. Com isso, a Selic alcança o patamar de 3,75% ao ano, a nova mínima histórica para a taxa.
Como o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos últimos 12 meses está em 4,01%, a taxa básica de juros é menor do que a inflação, o que leva os juros reais a serem negativos.
O ajuste era esperado após o BC sinalizar que seguiria a política de diversas autoridades monetárias mundiais, como o Federal Reserve, que cortou as taxas da economia americana por duas vezes seguidas neste mês, chegando a zero. A tentativa de baixar os juros é para dar um fôlego a economia durante a crise provocada pelo coronavírus. Além dos EUA, Austrália, Japão, Canadá e Chile já haviam lançado mão da medida. “O Banco Central do Brasil ressalta que continuará fazendo uso de todo o seu arsenal de medidas de políticas monetária, cambial e de estabilidade financeira no enfrentamento da crise atual.”
Em comunicado, a autoridade monetária sinalizou que pode fazer mais ajustes, apesar de falar em cautela na condução da política monetária. “O Copom entende que a atual conjuntura prescreve cautela na condução da política monetária, e neste momento vê como adequada a manutenção da taxa Selic em seu novo patamar. No entanto, o Comitê reconhece que se elevou a variância do seu balanço de riscos e novas informações sobre a conjuntura econômica serão essenciais para definir seus próximos passos”, diz a nota do conselho.
A Selic é usada como referência para todas as outras taxas de juros do mercado brasileiro e serve como instrumento de política monetária para controlar a inflação e estimular o consumo. Com a Selic alta, os juros tendem a ficar mais caros e desestimular o consumo. Já com a taxa baixa, o crédito pode ficar mais barato, estimulando compras e, assim, aquecendo a economia. A sequência de cortes começou em julho, após a taxa ficar estável em 6,5% ao ano durante 18 meses.