O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu manter a Selic em 6,5% ao ano. Todo o mercado esperava por um corte de 0,25 ponto porcentual, que levaria a taxa para 6,25% ao ano. A taxa já é a menor desde o início do regime de metas de inflação, em 1999, e a mais baixa de toda a série histórica do BC, iniciada em 1986.
“Na avaliação do Copom, a evolução do cenário básico e, principalmente, do balanço de riscos tornou desnecessária uma flexibilização monetária adicional para mitigar o risco de postergação da convergência da inflação rumo às metas”, informou o órgão do BC em nota.
A manutenção da Selic surpreendeu, pois o próprio BC sinalizou em março que haveria um novo corte de juro se a inflação continuasse baixa, como vem acontecendo.
Em nota, o Copom deixa claro que sua decisão foi motivada pelo risco inflacionário gerado pela valorização global do dólar. “O cenário externo tornou-se mais desafiador e apresentou volatilidade. A evolução dos riscos, em grande parte associados à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas, produziu ajustes nos mercados financeiros internacionais. Como resultado, houve redução do apetite ao risco em relação a economias emergentes”, afirma o órgão.
Na reunião desta quarta-feira, o Copom deixou claro que não deve reduzir a taxa de juros nas próximas reuniões. “Para as próximas reuniões, o Comitê vê como adequada a manutenção da taxa de juros no patamar corrente. O Copom ressalta que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.”
Reação
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) criticou a decisão do Copom de interromper o ciclo de corte da taxa de juros. “Não foi acertada a decisão do Copom, uma vez que a inflação segue em queda e as projeções encontram-se abaixo do centro da meta estabelecida. Além disso, os dados recentes indicam uma recuperação econômica mais lenta do que o esperado, o que tem resultado em sucessivas revisões para baixo das expectativas de crescimento do PIB.”
Para a entidade, a “agenda de reformas estruturais para a economia brasileira é a única forma de colocar o país nos trilhos e abrir espaço para quedas adicionais da taxa de juros”. “Deve ser a prioridade não só do governo e do Congresso, como também dos candidatos durante o processo eleitoral. Esse será o fator decisivo para que o crescimento econômico ocorra de forma sustentável, com inflação e juros em patamares baixos.”