O principal índice da bolsa paulista caiu nesta terça-feira e fechou abaixo dos 73 mil pontos pela primeira vez em dois meses, pressionado por receios de que o governo federal não consiga aprovar uma proposta de reforma da Previdência e o potencial impacto sobre o rating do Brasil.
O Ibovespa caiu 2,55%, a 72.414 pontos, menor patamar de fechamento desde 5 de setembro (72.150 pontos). O volume financeiro somou 13,02 bilhões de reais.
Os receios de que a reforma da Previdência não avance voltaram a crescer após a reunião da véspera do presidente Michel Temer com líderes da base aliada na Câmara, na qual Temer reconheceu a possibilidade de derrota na apreciação do texto. Ao mesmo tempo, deixou a porta aberta para abrandamento adicional na proposta em direção a “um avanço que permita a quem vier depois fazer uma nova revisão”.
“De ontem para hoje deu a entender que o Congresso não vai ter número para votar e as agências de classificação já avisaram sobre o risco de rebaixamento sem essa reforma. Com isso, gera um estresse nos mercados”, disse o gerente de renda variável da H.Commcor Ari Santos.
Além da reação ao quadro político, a alta de mais de 20% acumulada no ano até outubro, também abre espaço para um movimento de ajuste.
“Tem o fator político pontual de hoje, mas nas últimas semanas o mercado também vinha sinalizando uma tendência de realização”, disse o analista da XP Investimentos Marco Saravalle, que ainda vê espaço, considerando os fundamentos das empresas, para alguma recuperação do índice até o fim do ano.