Bolsa sobe mais de 2% com otimismo na articulação da Previdência
Após reunião, Guedes e relator da proposta da reforma adotam tom conciliador; dólar bate nos R$ 4,12, mas recua e fecha estável nos R$ 4,10
O clima positivo entre o Congresso e o Executivo na articulação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados animou os investidores nesta segunda-feira, 20. O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, subiu 2,17%, a maior valorização diária desde o dia 28 de março, fechando em 91.946 pontos. Já o dólar, em dia de leilões do Banco Central, ficou volátil por boa parte da segunda-feira, mas fechou quase estável, em leve alta de 0,1%, cotado a 4,10 reais para a venda.
O pregão do Ibovespa seguiu o padrão das últimas semanas. Ao mínimo sinal positivo ou negativo na articulação da reforma da Previdência, principal pauta para os investidores, o mercado reage. O foco, desta vez, foi o encontro do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, com o relator da proposta na Comissão Especial da reforma na Câmara, Samuel Moreira (PSDB-SP). O objetivo da reunião era tentar conter a fumaça criada pelo presidente do colegiado, Marcelo Ramos (PR-AM), de que um projeto alternativo seria proposto pelo Congresso. E, pelo menos na visão do mercado, parece ter funcionado, com Moreira e Guedes trocando elogios após o encontro.
As notícias elevaram as apostas dos investidores em uma aprovação da reforma da Previdência, segundo Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos. “Estão confiando que o governo vai conseguir organizar a base política em torno da reforma, com o relator e os líderes políticos sinalizando passos importantes”, analisa.
Ao final da reunião, Moreira disse que sentiu uma abertura dentro do governo para negociar as mudanças no texto. Segundo ele, mesmo que novas regras sejam propostas, elas terão como base a reforma proposta pelo governo e vão visar a um texto capaz de garantir economia de ao menos 1 trilhão de reais em uma década. “O [possível texto] substitutivo é um termo absolutamente técnico, não há novidade em relação a isso. Estamos trabalhando em cima do projeto que o governo enviou. Esse é o projeto, só tem esse projeto. Não há outro, e vamos continuar assim”, afirmou ele. O relator disse ainda que pretende entregar seu parecer até 15 de junho.
Do outro lado, Guedes também ressaltou a relação entre o governo e o Congresso. “Estamos confiantes no trabalho do relator e do Congresso e otimistas quanto ao compromisso de conseguirmos aprovar a reforma com a potência fiscal necessária para desbloquear o horizonte de investimentos no Brasil nos próximos dez, quinze anos”, disse o ministro.
Dólar fecha estável em dia volátil
Após chegar a 4,12 reais no começo do dia e atingir 4,08 reais horas depois, impulsionado pelos dois leilões da moeda anunciados pelo Banco Central na sexta-feira 17, o dólar fechou praticamente estável, em leve alta de 0,1%, cotado a 4,10 reais na venda.
O pregão começou do mesmo modo que terminou na sexta-feira, com o dólar se valorizando frente ao real. Após os leilões do Banco Central, no entanto, a situação se reverteu. Ao todo, a arrecadação foi de 1,25 bilhão de reais, valor máximo, por dia, estipulado pelo BC para as ofertas desta semana. Novas sessões estão marcadas para terça e quarta-feira.
Logo após os leilões, analistas do mercado financeiro consultados por VEJA afirmaram que, apesar de o valor leiloado nesta segunda-feira ser incomum e ter ajudado a valorizar o real diante do dólar, o efeito não deveria ser duradouro. E não foi. Horas depois, o câmbio já tinha revertido novamente a situação, puxado por algumas notícias positivas na reforma da Previdência, mas ainda apreensivo com o cenário político interno.
Além disso, permanecem no radar as negociações entre China e Estados Unidos no exterior. Nesta segunda-feira, o Google suspendeu parte de seus negócios com a gigante chinesa de telecomunicação Huawei, dias depois de o presidente americano Donald Trump ter assinado um decreto que atingiu fortemente a multinacional nos Estados Unidos, proibindo empresas do país de utilizarem equipamentos de telecomunicações estrangeiros que “coloquem em risco a segurança nacional”. A notícia gerou ainda mais tensão entre os dois países, que nas semanas anteriores impuseram tarifas um contra o outro.