Bolsonaro anuncia reajuste de 33% para professores da educação básica
Nas redes sociais, presidente celebrou aumento para a categoria; reajuste gerou pressão de prefeitos e governadores
O presidente Jair Bolsonaro anunciou, nesta quinta-feira, 27, pelo Twitter, que o governo federal concederá reajuste de 33,2% ao piso dos salários de professores. “Mais de 1,7 milhão de professores, dos Estados e Municípios, que lecionam para mais de 38 milhões de alunos nas escolas públicas serão beneficiados”, escreveu o presidente. Com isso, o salário piso dos professores deverá ir de 2.886 reais para cerca de 3.800 reais.
A decisão de Bolsonaro opôs governo federal a governadores e prefeitos, que afirmam que esse aumento irá pressionar as suas contas. O custo para estados e cidades com esse aumento será na casa de 30 bilhões de reais neste ano, de acordo com cálculos da Confederação Nacional de Municípios. A decisão de Bolsonaro contraria também uma recomendação do Ministério da Economia, que tinha sugerido um reajuste menor. Na véspera, o presidente havia afirmado para apoiadores que concederia o reajuste máximo. “Eu vou seguir a lei. Governadores não querem os 33%, tá? Eu vou dar o máximo que a lei permite, que é próximo disso”, afirmou.
A lei atual vincula o reajuste dos ganhos mínimos dos professores à variação do valor por aluno do Fundeb, principal mecanismo de financiamento da educação básica. Assim, o reajuste para 2022 fica em 33,2%, o que foi autorizado por Bolsonaro.
Orçamento
A decisão de Bolsonaro vem na esteira de críticas em torno do corte no Orçamento do Ministério da Educação, de 802,6 milhões de reais na consolidação do texto.
Foco de discussão entre o presidente e o ministro da Economia, Paulo Guedes, 1,7 bilhão de reais do Orçamento foram separados para o aumento de servidores — principalmente de categorias cujo alinhamento com o governo é mais presente. No Palácio do Planalto, comenta-se que o presidente fazia pressão para conceder um aumento de 10% para todos os servidores, ao custo de 30 bilhões de reais, e encontrava resistência em Guedes. “Um reajuste generalizado hoje é uma falta de compromisso com o combate à inflação, com a responsabilidade fiscal, com as futuras gerações”, ressaltou ele ao presidente.