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Brasil fica estagnado no IDH, atrás da Argentina e da Venezuela

País perde dezessete posições na classificação do relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento quando a desigualdade é considerada

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 14 set 2018, 16h03 - Publicado em 14 set 2018, 13h22
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  • O Brasil ficou estagnado pelo terceiro ano consecutivo no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Desde 2015 o país está estacionado na 79ª colocação de um ranking que analisa o desempenho de 189 países. O IDH avalia o progresso dos países com base em três dimensões: saúde, educação e renda. Os indicadores brasileiros usados para fazer o trabalho são de 2017.

    Relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (PNUD), divulgado nesta sexta-feira 14 mostra que o Brasil alcançou a nota 0,759 — apenas 0,001 a mais do que o obtido no ano anterior. A escala vai de zero a 1. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano.

    No período de 2012 e 2014, o Brasil chegou a avançar seis colocações na classificação do IDH, mas estacionou na 79ª posição desde 2015.

    Na América do Sul, o Brasil é o 5º país com maior IDH. Chile, Argentina, Uruguai e Venezuela aparecem à frente do país. A média de anos de estudos nesses países é maior que no Brasil, puxando para cima o IDH local.

    Ao comentar os dados, a coordenadora da unidade de Desenvolvimento Humano do PNUD, Samantha Dotto Salve, foi diplomática. “Estamos recebendo os dados agora”, disse. Ela ponderou ainda que o número de países que participam da avaliação foi alterado. No ano passado, o ranking era composto de 188 países e territórios. Na versão atual, há um a mais: 189.

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    Além de revelar a estagnação, o trabalho mostra que o Brasil continua sendo um país extremamente desigual. Se as diferenças fossem levadas em consideração, o país cairia dezessete posições na classificação.

    Noruega lidera

    O primeiro colocado no ranking preparado pelo PNUD foi a Noruega, que apresentou indicador 0,953. Em seguida, vem a Suíça, com 0,944, e a Austrália, com 0,939. Níger, o último colocado, apresenta IDH de 0,354.

    Com a pontuação obtida, o Brasil continua no grupo classificado como de Alto Desenvolvimento Humano. Além do Brasil, outros sessenta países mantiveram sua colocação no ranking. Na América do Sul, Argentina, Chile e Suriname. De todo o grupo, 34 países subiram no ranking e 94 tiveram queda na colocação. Na América do Sul, apenas o Uruguai melhorou sua posição do ranking, passando de 56º para 55º.

    Um dos indicadores responsáveis pela manutenção do posto do Brasil no ranking foi a saúde. A esperança de vida ao nascer do brasileiro é de 75,7 anos, um indicador que ano a ano vem apresentando melhoras. Em 2015, por exemplo, era de 75,3. A área de conhecimento, por sua vez, apresenta poucas alterações.

    Desde 2015, anos esperados de escolaridade permanecem inalterados na marca de 15,4. A média de anos de estudo teve uma leve ampliação, de 7,6 para 7,8 no período 2015-2017. A renda, por outro lado, apresenta uma queda importante quando comparada com 2015. Naquele ano, a renda nacional per capita era de 14,350 ppp (paridade do poder de compra). Caiu para 13,730 em 2016 e agora teve uma leve recuperação: 13,755 ppp.

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    O IDH não usa a conversão real do dólar, mas quanto se pode comprar com ele, chamado de paridade do poder de compra (ppp, em inglês).

    Dados do PNUD mostram que o desemprego no Brasil entre população jovem é o maior da América do Sul: 30,5%. Dos jovens com idade entre 15 e 24 anos, 24,8% não trabalham e não estudam. No Uruguai, a marca é de 18,7% e na Argentina, 19,7%.

    Desigualdade

    O Brasil perde dezessete posições na classificação do relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento quando a desigualdade é levada em consideração. A queda é a mesma que a apresentada pela África do Sul e menor apenas que a sofrida pelo arquipélago Comores, de dezoito colocações. Se for considerado o coeficiente de Gini, que mede a concentração de renda, o Brasil é o 9º mais desigual.

    As diferenças são constatadas na renda e também no gênero. O IDH dos homens brasileiros é de 0,761, enquanto o das mulheres é de 0,755. Embora mulheres tenham maior expectativa de vida e indicadores melhores na área de conhecimento, elas ganham 42,7% menos do que homens. O trabalho mostra que mulheres no Brasil recebem 10.073 ppp enquanto homens, 17.566.

    A disparidade de renda está presente em vários países. No Uruguai, por exemplo, a renda média das mulheres é de 15.282 ppp, enquanto a dos homens é de 24.905. Mas, no caso desse país, a diferença dos demais indicadores é tamanha em favor da mulher que o IDH geral é superior para o grupo feminino: 0,087 ante 0.796 para o grupo masculino.

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