Brasil pode ser próximo a entrar em crise cambial, alerta guru financeiro
El-Erian, um dos nomes mais respeitados do mundo das finanças, disse que o Banco Central tem difícil missão de reverter a desvalorização do real
Mohamed A. El-Erian, um dos nomes mais importantes do mundo das finanças, afirmou hoje em seu Twitter que o Brasil pode ser o próximo país emergente a entrar em crise cambial. A aposta de El-Erian se baseia no fato de que o real brasileiro liderou as principais perdas de moedas internacionais frente ao dólar nesta quarta-feira. “Depois da Argentina e da Turquia, será o Brasil o próximo mercado emergente a enfrentar uma crise sem precedentes?”, escreveu em seu perfil no Twitter.
A preocupação com a cena fiscal e política no Brasil estressou os mercados nesta quarta-feira e o dólar fechou mais um pregão em alta, cotado a 3,83 reais na venda, o maior nível desde 2 de março de 2016. No ano, o dólar já acumula valorização de 15,81%, colocando o real brasileiro na 3ª posição entre as divisas que mais se desvalorizaram frente a moeda americana.
“O Banco Central está em uma posição bastante complicada – e há pouco espaço para erros”, sentenciou Erian. “Sua função de resposta [à desvalorização do real] está sendo monitorada de perto pelas empresas domésticas e estrangeiras”.
De fato, a preocupação dos investidores tem feito o BC atuar no mercado para preservar o poder de compra da moeda brasileira. Ontem, o banco já tinha realizado um leilão de 30 mil swaps cambiais tradicionais. Hoje, vendeu mais um lote de 15 mil swaps, injetando 4,11 bilhões de dólares no mercado.
O risco inflacionário para a economia brasileira, gerado pela valorização global do dólar, foi o motivo anunciado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) para manter a taxa básica de juros, a Selic, em 6,5% na última reunião, realizada no dia 16 de maio. Na época, havia expectativa de um corte de 0,25 ponto. Já há apostas de que o Copom precise subir os juros em junho.
Filho de egípcios, o nova-iorquino atualmente é consultor-chefe de economia da Allianz, grupo multinacional de seguros e serviços financeiros. Antes, ele atuava na presidência do conselho da Casa Branca, onde orientava o ex-presidente dos EUA Barack Obama sobre assuntos financeiros. Entre 2007 e 2014, El-Erian presidiu a gestora de recursos Pimco, que tem cerca de 2 trilhões de dólares sob sua gestão. Foi ali que ele se consagrou como o guru dos mercados internacionais.