Xangai, uma das cidades mais populosas da China, segue aumentando as restrições sociais em função da Covid-19. Agora, moradores com testes negativos também podem ser colocados em quarentena obrigatória em centro médico, se assim recomendado pelas autoridades. No final da última semana o líder Chinês, Xi Jinping, realizou um pronunciamento incisivo em favor das duras medidas e da política de “Covid Zero” do país, no contexto de aumento da insatisfação pública e fortes pressões econômicas.
A China registrou aumento de casos de Covid-19 a partir de março e adotou novos lockdowns no começo de abril. As medidas instantaneamente colocaram em balança a logística global na cadeia de fornecimento de produtos e materiais, já abalada pelo período de auge da pandemia a nível mundial. No Brasil, o risco é acentuar uma crise de desabastecimento de produtos, materiais ou insumos importados para a produção de boa parte das empresas e indústrias brasileiras. No momento, as autoridades chinesas apostam na medida de restrição máxima no curto prazo, e não deram sinais de uma retaguarda.
Segundo a emissora estatal CCTV (sigla em inglês), os sete membros do Comitê Permanente do Partido Comunista, em reunião na quinta-feira, reforçaram a luta “contra qualquer discurso que distorça, questione ou rejeite a política de controle de Covid (no país)”. O alerta à população insatisfeita vai de encontro com as medidas recentes de Xangai.
As autoridades têm como principal medida de prevenção e controle da Covid-19 a Quarentena Médica Centralizada, em locais com milhares de profissionais da saúde. Segundo o National Library of Medicine, entidade do Governo dos EUA, as pessoas ficam em edifícios separados das áreas urbanas densamente povoadas e com sistemas próprios de tratamento de esgoto. Relatos de medidas como vistorias em apartamentos e isolamento completo de condomínios circularam pelas redes sociais, porém não foram confirmados pelas autoridades chinesas.
Impacto
As medidas de restrição na China não abalam todos os setores. Segundo a Administração Geral de Alfândegas, as importações da soja brasileira pela China subiram no mês de abril em relação ao mês de março. Foram 8,08 milhões de toneladas da oleaginosa importadas em abril, aumento de 27% em relação aos 6,35 milhões de março. Ajudou no aumento dos números a chegada de cargas atrasadas em função das colheitas lentas na América do Sul. A tendência é de uma demanda crescente nos próximos meses e os novos lockdowns não tiveram forte impacto.
Por outro lado, houve uma queda de importações chinesas de minério de ferro em abril. O aumento nos números da Covid e as restrições sociais suprimiram a demanda. A China, maior consumidor de minério de ferro do mundo, recebeu 86,06 milhões de toneladas do material em abril, 12,7% a menos que um ano antes.