Com desemprego perto de zero, Dois Irmãos é referência em Indicadores Sociais
A combinação de ensino de qualidade, indústria dinâmica e identidade local fez do município gaúcho um caso singular de prosperidade
O compromisso com a educação de qualidade, seja na rede pública, na rede privada ou no ensino profissionalizante, está na base do desempenho de Dois Irmãos (RS) entre as melhores cidades do país. Líder em Indicadores Sociais na categoria de pequeno porte, segundo a Austin Rating, o município da Grande Porto Alegre combina inclusão educacional — neste mês de novembro, não há nenhum jovem fora da escola — com um mercado de trabalho tão aquecido que as indústrias locais exibem placas de “procura-se” para preencher 180 vagas formais. O resultado desse equilíbrio é raro: a taxa de desemprego é quase zero.
A cidade adota um modelo de integração de escolas e empresas que sustenta um verdadeiro círculo virtuoso. O sistema educacional reúne doze escolas públicas e onze privadas de ensino infantil e fundamental, todas com currículo até o 9º ano. Ao todo, são 3 900 alunos estudando na rede pública e outros 1 000 frequentando a rede privada. Ambas recebem apoio financeiro do município, seja por repasses diretos, seja por convênios, para manter uma ampla estrutura de contraturnos que amplia a carga horária dos estudantes. Nesses espaços, as atividades vão do reforço em português e matemática a aulas de robótica, culinária e outras práticas voltadas à formação profissional. “Nosso modelo é pautado na formação integral da criança”, diz a secretária municipal de Educação, Denise Maria Maldaner. “Investimos em empreendedorismo, educação financeira, cuidado ambiental, computação e diversas outras competências para formar cidadãos responsáveis e estimular vocações desde cedo.”
Entre os 30 000 habitantes de Dois Irmãos, cerca de 15 000 têm emprego formal nas fábricas de calçados, móveis e metalurgia que passaram a se instalar no município desde o fim dos anos 1970. O dinamismo local também se reflete no empreendedorismo: são 2 500 micro e pequenas empresas registradas e 3 500 CNPJs ligados à cidade, especialmente nos setores de comércio e serviços. Em 2024, um anúncio reforçou esse movimento: a multinacional indiana Mahindra, maior fabricante de tratores do mundo, revelou planos de investir 100 milhões de reais a partir de 2026 em uma nova unidade industrial dentro do município. “Temos 66 anos de emancipação, mas somos uma mesma comunidade há 200 anos”, afirma o prefeito Jerri Meneghetti, lembrando a chegada dos colonizadores alemães ao Vale do Sinos entre 1824 e 1829. “O trabalho e a cultura sempre foram nossos pilares mais sólidos de desenvolvimento.”
Emancipada em 1959 de São Leopoldo, a cidade tem no corretor de imóveis aposentado Bellarmino Arandt, de 87 anos, um de seus principais guardiões de memória. Ele explica que o nome Dois Irmãos faz referência a dois morros gêmeos que marcam a paisagem local. Relembrar a contribuição de sua família para o desenvolvimento do município é motivo de orgulho. “Meu pai, Paulo Arandt, chegou órfão da Alemanha, na década de 1930, estudou aqui e tornou-se um professor destacado, e hoje dá nome à nossa biblioteca municipal”, diz. “Mais tarde, já bem estabelecida, minha família doou a área onde foi construída a escola estadual 10 de Setembro.” Arandt também relembra o voto pela emancipação, em 1958. “Foi a melhor decisão. Hoje somos exemplo de prosperidade e desenvolvimento, motivo de orgulho para todos que participaram dessa trajetória.” Um retrato de como educação e trabalho podem mover uma cidade inteira para a frente.
Publicado em VEJA, novembro de 2025, edição VEJA Negócios nº 20
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