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Com dívida de R$ 674 milhões, Saraiva pede recuperação judicial

Ao mercado, companhia disse que processo não altera atividades de varejo; recentemente, ela encerrou as atividades de 19 pontos de venda

Por Da Redação Atualizado em 23 nov 2018, 09h35 - Publicado em 23 nov 2018, 09h29

A Livraria Saraiva, rede de varejo líder em venda de livros no país, pediu recuperação judicial nesta sexta-feira. Com dívida de 674 milhões de reais, a companhia é a segunda empresa do setor em pouco mais de um mês a pedir proteção da Justiça para reestruturar débitos e tentar seguir em operação. A Livraria Cultura está em recuperação judicial desde o mês passado.

As dificuldades da Saraiva ficaram evidentes no início deste ano quando a companhia atrasou pagamentos às editoras de livros — suas principais fornecedoras. A empresa voltou a ter dificuldades nos últimos meses, e foi iniciado um novo período de negociações. Após não conseguir fechar acordo, a companhia decidiu pela recuperação judicial.

A empresa afirmou em comunicado ao mercado que “a recuperação judicial não altera, de forma alguma, o funcionamento da (área de) varejo, que segue, na data de hoje, com 85 lojas físicas em todo o Brasil e com sua operação de comércio eletrônico”. A companhia acumula de janeiro ao final de setembro prejuízo líquido de 103 milhões de reais, mais que o dobro em relação ao resultado negativo de 50 milhões de um ano antes.

No pedido feito à Justiça, a Saraiva lembrou que vem tentando reestruturar o próprio negócio, processo que está sendo tocado em conjunto com a consultoria Galeazzi & Associados. Recentemente, a companhia encerrou as atividades de 19 pontos de venda, sendo oito lojas tradicionais e oito unidades iTown, que vendiam produtos de tecnologia da marca Apple. Neste processo, cortou 700 funcionários.

Outra medida tomada pela Saraiva foi a saída de categorias em que a rentabilidade é mais baixa, como a venda de produtos de tecnologia, na qual precisa bater de frente com pesos pesados como a Via Varejo (dona de marcas como Casas Bahia e Ponto Frio) e FastShop. A entrada no segmento foi decidida há alguns anos, como uma tentativa de “proteção” à perspectiva de queda nas vendas de livros.

“Neste movimento (a saída da área de tecnologia), a Saraiva diminuirá substancialmente a geração de créditos tributários, uma das principais razões de consumo de caixa nos últimos anos”, diz a empresa, no documento da recuperação judicial. Para continuar a ofertar eletrônicos e itens de tecnologia nas lojas, a companhia deverá buscar uma parceria com uma rede especializada no setor.

Apesar de a venda de livros apresentar uma pequena alta em 2018 — de cerca de 5% em valores, segundo o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) —, a Saraiva lembrou que o preço do produto tem subido bem menos do que a inflação. Segundo a companhia, enquanto o IPCA (índice oficial) subiu 53,8% de 2000 a 2017, o valor unitário do livro avançou 8%, na mesma comparação.

Outro segmento que já foi a segunda maior fonte de receitas para a Saraiva, música e filmes, foi bastante afetado por avanços tecnológicos, segundo a companhia, que cita no documento de pedido de recuperação a emergência de serviços como Netflix e Spotify nessa área.

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Hoje, a companhia se dedica somente à atividade de varejo. O pedido de recuperação lembra que a empresa vendeu seus ativos editoriais e de educação há três anos, por R$ 725 milhões. Após esse negócio e um período de enxugamento do varejo, o grupo hoje contabiliza cerca de 3 mil colaboradores, 85 lojas próprias e uma área de venda de quase 50 mil metros quadrados no país.

Fundada em 1947, a origem da Saraiva remonta, no entanto, a 1914 quando o livreiro Joaquim Ignácio da Fonseca Saraiva, um imigrante português, abriu uma pequeno sebo na rua do Ouvidor, em São Paulo, chamado Saraiva & Cia. A Saraiva é uma companhia aberta desde 1972. Em 2008, adquiriu a rival Siciliano.

(com Estadão Conteúdo e Reuters)

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