Dados divulgados nesta sexta-feira, 4, mostram uma forte desaceleração na criação de empregos americanos, causada pelo agravamento no número de contaminados pela Covid-19 e a dificuldade em se aprovar um novo pacote de estímulos do governo. Em novembro, foram criados 245 mil novos empregos, menos da metade dos meses anteriores e abaixo do projetado pelos economistas, que esperavam 469 mil novas contratações. Em outubro, foram 638 mil contratações, enquanto que em setembro foram 672 mil. Já, em agosto, foram 1,4 milhões de empregos, alta impulsionada principalmente após liberação do cheque pelo governo.
O Federal Reserve está utilizando suas ferramentas para estimular a economia, como manter o juros do país entre 0% e 0,25% e injetar uma enxurrada de dólares por meio da compra de títulos públicos, atualmente a um ritmo de 120 bilhões por mês. Essas medidas, porém, não chegam diretamente à população que está sem trabalho e renda. A economia americana se recupera bem e nos últimos meses alcançou índices recordes na produção industrial e serviços, bem como os índices do mercado financeiro já superaram os patamares pré-pandemia e bateram recordes históricos, mas o desemprego divulgado nesta sexta-feira, 4, ainda está alto quando comparado ao histórico do país, a uma taxa de 6,7%.
Jerome Powell, o presidente do Federal Reserve, afirmou por diversas vezes em seus discursos que a instituição consegue facilitar o acesso ao fluxo de crédito, mas não injetar diretamente dinheiro na economia da mesma forma que o governo. A análise é de que apenas por meio do pacote fiscal será possível impulsionar os pequenos negócios e auxiliar os americanos desempregados que não possuem reservas para sobreviver em situações de crise.
A eleição presidencial atrapalhou o andamento do novo pacote, mas após a eleição do democrata Joe Biden as coisas voltaram a caminhar. Na quarta-feira, 2, houve no Congresso americano a apresentação de pacote bipartidário, de senadores e deputados republicanos e democratas, de 908 bilhões de dólares. Além disso, na quinta-feira, Biden expressou apoio ao pacote, junto às lideranças dos democratas no Congresso. “Hoje há alguns indícios de que alguns senadores republicanos também começam a olhá-lo com bons olhos. Mas agora resta saber haverá apoio do Trump e do líder da maioria republicana no Senado, Martin Connell”, diz Victor Beyruti, analista da Guide Investimentos.
Com o apoio fundamental dos dois republicanos, é possível prever avanços em sua aprovação ainda este ano. Caso contrário, ele ficará mesmo para o ano que vem. Apesar dos avanços da vacina ao coronavírus, sem o pacote dificilmente a maior economia do mundo, que é motor de todo o mundo, conseguirá decolar.