Impulsionado pela votação da reforma da Previdência no plenário da Câmara dos Deputados e pelos sinais de um corte na taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), o dólar teve queda de 1,4%, cotado aos 3,76 reais na venda, sua menor marca desde o dia 28 de fevereiro.
O movimento foi de queda durante todo o dia. Na parte da manhã, a animação foi pautada pela votação da reforma da Previdência e, no período da tarde, o Fed acentuou a queda. Tanto a ata da reunião mais recente, divulgada nesta quarta-feira, quanto as falas do presidente da instituição, Jerome Powell, no Congresso estadunidense indicam que os EUA devem ter a primeira redução nos juros em uma década na próxima reunião do Fed.
No cenário interno, até o fechamento do mercado de câmbio, o texto-base da reforma ainda não tinha sido votado. Apesar disso, os investidores estavam otimistas com a concretização do objetivo do governo, de aprovar o texto, em dois turnos, ainda nesta semana. O temor era o de que a votação ficasse para agosto, já que o Congresso entra em recesso a partir do dia 18 de julho e já deve estar mais esvaziado na semana que vem.
No cenário externo, que tem influência significativa na precificação do câmbio, o dia foi marcado por otimismo com um possível corte de juros pelo Fed. Em depoimento para um comitê do Congresso, o presidente do Fed, Jerome Powell, apontou para uma fraqueza “ampla” que vem pesando sobre a perspectiva econômica dos EUA em meio à incerteza sobre as consequências das disputas comerciais do governo estadunidense com a China.
Ele disse também que “há um risco de que a inflação fraca seja ainda mais persistente do que a que esperamos atualmente” e os ganhos salariais permanecem modestos. A fala foi entendida por investidores e setores da economia como um sinal de que, como aguardado, o Fed deve reduzir os juros em sua próxima reunião, marcada para os dias 30 e 31 de julho. Seria o primeiro corte em uma década. Atualmente, a taxa de juros está na faixa de 2,25% a 2,5%.
Além disso, foi divulgada nesta quarta-feira a ata da reunião mais recente do colegiado, que ocorreu nos dias 18 e 19 de junho. Segundo o documento, inúmeros membros do colegiado disseram que os juros deveriam cair para “acomodar os efeitos” de uma guerra comercial dos EUA e para firmar a inflação, que não está conseguindo atingir a meta de 2% ao ano do banco central norte-americano, segundo a ata divulgada nesta quarta-feira.
Mas eles não convenceram todos seus colegas. “Alguns” diretores pensaram “que ainda não há um argumento forte para um corte de juros dos níveis atuais” e queriam reunir mais informações antes de concordarem com a queda, que o presidente dos EUA, Donald Trump, tem exigido e que os mercados agora veem como quase certa.