Vencedora do prêmio Nobel de economia, Claudia Goldin, historiadora e professora da Universidade Harvard, ajudou, mesmo que indiretamente, a diminuir distorções no mercado de trabalho brasileiro. Em 2019, o advogado tributarista Breno Vasconcelos, professor da Fundação Getúlio Vargas, utilizou os textos da historiadora como base de sustentação oral no STF em julgamento sobre contribuição previdenciária patronal sobre o pagamento da licença-maternidade. “Há uma efetiva relação de causalidade entre maternidade e queda do salário da mulher”, disse Vasconcelos durante arguição. O objetivo era demonstrar aos ministros como uma norma tributária impôs um ônus adicional à contratação de mulheres. O ministro Luís Roberto Barroso, atual presidente do STF, então relator do projeto, acolheu o argumento e declarou inconstitucional a imposição da cobrança.
Nesta segunda-feira, 9, Goldin foi premiada por seu estudo sobre mulheres no mercado de trabalho e os motivos que fazem perdurar o degrau entre os gêneros — entre eles questões como casamento, maternidade e histórico familiar. Ela é a terceira mulher laureada pelo prêmio — e a primeira a ser premiada sozinha. Elinor Ostrom, premiada em 2009, e Esther Duflo, de 2019, dividiram o prêmio com homens.
Atualmente, as mulheres ainda recebem 30% a menos que os homens, apesar de terem níveis maiores de educação em diversas partes do mundo. A academia definiu a professora Goldin como uma “verdadeira detetive”, já que a pesquisa recolhe dados desde 1800. O estudo permitiu que a historiadora demonstrasse como e porque as diferenças de gênero nos rendimentos e nas taxas de emprego mudaram ao longo do tempo — e porque continuam mesmo com políticas de igualdade de gênero.