Conheça o bilionário da Duty Free que doou todo o seu dinheiro em vida
Chuck Feeney, de 89 anos, que fundou a rede de lojas em aeroportos e o fundo General Atlantic, agora acaba de completar a doação de 8 bilhões de dólares
Esqueça Warren Buffett. Esqueça Bill Gates. O filantropo mais influente do mundo chama-se Charles Francis Feeney, de 89 anos, conhecido nos meios empresariais como Chuck Feeney. O americano de origem irlandesa, co-fundador do Duty Free e do poderoso fundo de investimentos General Atlantic, criou em 1982 a fundação The Atlantic Philantropies. Durante quatro décadas, ele direcionou cerca de 8 bilhões de dólares à instituição. Na terça-feira, 15, em cerimônia transmitida pelo Zoom e com a participação de Gates, o ex-bilionário encerrou a fundação depois de esgotar todos os seus recursos.
Segundo relato à revista Forbes, feito em 2012, Feeney havia separado apenas 2 milhões de dólares para passar a resto da vida com a esposa. Pode parecer pouco dinheiro — afinal, doou 99,75% do amealhado em seus negócios — para alguém que foi um multibilionário por bastante tempo, mas o casal é adepto de uma vida frugal. Mora num pequeno apartamento em São Francisco, que nunca indicaria ser de alguém que foi dono das lojas Duty Free, conhecidas por vender artigos sofisticados em aeroportos por todo o mundo. O negócio foi vendido, em 1996, por ele e os seus sócios para a LVMH, grupo francês de Bernard Arnault, atual dona de uma miríade de marcas de luxo que vão de Louis Vuitton, Marc Jacobs, Bulgari e Christian Dior a Hennessy, Chandon e Veuve Clicquot.
Os negócios de Feeney tiveram impacto no Brasil também por meio do seu fundo de investimentos General Atlantic. Nos últimos dias, ele levou a rede de farmácias Pague Menos a abrir o seu capital na B3. Também já teve ou detém participações relevantes na Smiles, Linx, Qualicorp, Decolar, Peixe Urbano e até na BM&FBovespa, antes de se tornar a B3. Foi também um dos primeiros a apostar na XP.
Feeney atuou para ajudar no processo de paz da Irlanda do Norte e na modernização do sistema de saúde do Vietnã, mas a sua iniciativa de maior impacto deve ser a Giving While Living (em tradução live, doando em vida). Foi ela que serviu de modelo para o movimento Giving Pledge (compromisso de doação), criado em 2010 por Buffet, Bill e Melinda Gates, para convencer bilionários de todo o mundo a doar mais de 20% de suas fortunas em vida. Segundo o site da iniciativa, já são 210 o número de super-ricos que se comprometeram com o objetivo — entre eles, apenas um brasileiro, o casal Elie e Susy Horn, que fez fortuna com a construtora Cyrela. Sem o empresário irlandês é difícil imaginar que a filantropia teria evoluído até este ponto. Buffett chegou a dizer que precisaria estar morto há uns 12 anos para conseguir realizar o mesmo que Feeney na área.