O Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter a taxa básica de juros em 6,5% na reunião que começou nesta terça-feira e segue até quarta-feira. A aposta do mercado financeiro é que o órgão do Banco Central não faça mudanças na Selic, assim como aconteceu no último encontro de maio, quando o mercado apostava em queda de 0,25 ponto porcentual e o BC surpreendeu ao não mexer na taxa.
A greve dos caminhoneiros, que causou desabastecimento e a elevação do preço de alguns produtos, não deve ter impacto sobre a decisão da autoridade monetária em relação à taxa de juros. Isso porque, consideram os especialistas, mesmo com o aumento de valores de alguns itens, a inflação ainda está abaixo do centro da meta, o que não justificaria um aumento de juros neste momento.
“Acredito na manutenção porque, se olharmos a inflação acumulada para o período, não vai ultrapassar o centro da meta, por isso não acredito em aumento da Selic. Também não há espaço para cortes, já que a atividade econômica não está crescendo conforme o esperado”, avalia o professor da Faculdade Fipecafi, George Sales.
Em seu último relatório, o banco Santander continuou prevendo a Selic em 6,5% para os próximos trimestres. “A inflação está abaixo da meta e acreditamos que seguirá assim até o fim do ano. Portanto, não haveria motivo para um aumento dos juros”, considera o economista do banco Santander Rodolfo Margato.
Esse cenário seria invertido apenas se houvesse um risco de desvalorização cambial muito forte. Algo que não está totalmente descartado, mas que perdeu força nos últimos dias com intervenções mais expressivas do BC e que conseguiram segurar a moeda abaixo dos 4 reais, ainda que no patamar mais elevado dos últimos dois anos.
“Nosso cenário- base é de que a taxa Selic permanecerá estável em 6,5% até o fim do ano. Mas entendemos que a postura da política monetária continuará dependente da dinâmica da taxa de câmbio e, em especial, de seu impacto nos dados de inflação e expectativas de inflação, particularmente para 2019”, diz o economista-chefe do Itaú-Unibanco, Mario Mesquita, em sua última pesquisa macroeconômica.
A Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) também prevê a manutenção da taxa.
“Os juros estão historicamente baixos e não vejo, agora, razão para a taxa. A inflação está muito baixa e dentro da meta. O único motivo para um aumento dos juros seria se o câmbio acelerasse muito devido às incertezas eleitorais, mas por enquanto considero que a decisão do Copom será a de manter a Selic”, afirma o economista Sérgio Vale, da MB Associados.
Mas a expectativa é que na próxima reunião seja necessário elevar a taxa Selic. “Antevemos que na próxima reunião do Copom o BC terá necessidade de elevar a taxa Selic, pois a colocação de que não existe relação mecânica entre juro e câmbio é um jogo de palavras, um sofisma, pois esta relação é fundamento do mercado internacional, e, se não for ajustada à nossa realidade, continuará sendo fator estimulante para a presença de capitais especulativos”, avalia o economista e diretor Executivo da NGO, Sidnei Moura Nehme.