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Copom deve pôr fim ao ciclo de cortes e manter a Selic em 10,5% ao ano

Mercado espera interrupção após sete reduções seguidas desde agosto passado. Expectativas de inflação em alta e piora do quadro fiscal compõem o cenário

Por Luana Zanobia Atualizado em 19 jun 2024, 11h42 - Publicado em 19 jun 2024, 08h20

O mercado financeiro aguarda nesta quarta-feira, 18, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Após sete cortes consecutivos desde agosto passado, sendo seis de 0,5 ponto e um de 0,25 ponto, a expectativa dominante é pela manutenção da taxa Selic em 10,50%. Essa pausa no ciclo de afrouxamento monetário é vista como uma resposta às crescentes incertezas globais e locais.

No início do ano, a expectativa era a de que a Selic terminal chegasse a 9%. No entanto, as mudanças no quadro econômico levaram os analistas a ajustar suas projeções, agora prevendo que a taxa encerrará o ano em 10,5%. Uma pesquisa realizada pelo BTG Pactual com 69 participantes do mercado financeiro revelou que 83% dos entrevistados acreditam na manutenção da taxa, enquanto 17% ainda esperam um corte de 0,25 ponto percentual.

O principal fator para a mudança de expectativa foi o aumento da inflação, especialmente após o IPCA de maio ter acelerado, interrompendo a tendência de melhora dos núcleos de inflação. Além disso, a valorização do dólar tem contribuído para a elevação dos preços, tornando mais difícil a continuidade do ciclo de relaxamento monetário. Nesse contexto está a piora do cenário fiscal, com a flexibilização das metas de resultado primário para os próximos anos e o enrosco da agenda do ministro Fernando Haddad, de aumento de arrecadação. 

No cenário internacional, a manutenção dos juros nos Estados Unidos também dificulta a inflação por aqui e, consequentemente, a redução da Selic. Isso porque juros mais elevados nos EUA causam fuga de investimentos do Brasil, contribuindo para a elevação do dólar. Com menos moeda americana circulando no território brasileiro, maior é a valorização da moeda.

A perspectiva do mercado é de que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, adote um tom mais hawkish — isto é, uma conduta mais incisiva no combate à inflação. Isso porque há uma preocupação crescente com o aumento das incertezas fiscais e a desancoragem das expectativas de inflação, fatores que demandam uma postura mais firme da política monetária.

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O estrategista-chefe da Warren Investimentos e ex-diretor do BC, Sérgio Goldenstein, aposta na manutenção consensual da Selic e reforça a necessidade de o Banco Central demonstrar seu compromisso com a meta de inflação para reancorar as expectativas inflacionárias.

A expectativa do mercado é quanto ao posicionamento dos diretores do Banco Central indicados por Lula, Na reunião passada, houve decisão dividida, com desempate feito por Campos Neto para um corte de 0,25, e não 0,5, como queriam os diretores indicados pela gestão petista. Segundo os analistas, é fundamental que a decisão desta quarta-feira tenha a sinalização da maioria dos diretores. A divisão pode indicar um futuro mais permissivo na condução do Banco Central, o que pode pressionar ainda mais as expectativas. 

O economista-chefe da Monte Bravo, Luciano Costa, destaca que a evolução do balanço de riscos desde a última reunião foi desfavorável, com a continuidade das incertezas fiscais e a desancoragem das expectativas de inflação. “As incertezas fiscais permanecem com compensação da desoneração da folha em aberto e a discussão da desvinculação dos gastos públicos ainda sendo debatida. A continuidade da alta das expectativas de inflação requer uma postura mais dura da política monetária para conter seu processo de deterioração” avalia. Segundo o economista, embora os dados de inflação dos EUA tenham sido melhores do que o esperado, reduzindo a incerteza global, a dinâmica inflacionária doméstica e a robustez do mercado de trabalho e da atividade econômica brasileira exigem cautela.

O economista e diretor de investimentos da Nomos, Beto Saadia, também espera uma decisão unânime pela manutenção da Selic, apontando para os riscos da depreciação do câmbio e a alta das commodities como sinais de pressão inflacionária à frente. Ele acredita que o comunicado pode, inclusive, sinalizar a possibilidade de futuros aumentos.

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