Coronavírus leva caos às bolsas ao redor do mundo e Ibovespa afunda
Os temores e o arrefecimento das atividades econômicas na China incutiram em um dia de quedas nos principais pregões
Os sintomas do coronavírus não afetam somente os pacientes internados aos montes ao redor do mundo. Nesta segunda-feira, 27, as principais bolsas do mundo despencaram, com os temores dos impactos do surto do vírus para a economia global. A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, recuou 3,29%, puxada pelos péssimos resultados de Petrobras, Vale e JBS — com influência direta dos impactos da doença chinesa. É a maior queda desde março de 2019. O receio do mercado envolve a diminuição do consumo e da produtividade na China, a segunda maior economia do planeta, por causa da disseminação do coronavírus. Por isso, a Vale, por exemplo, uma das principais exportadoras de minério de ferro para o país, viu suas ações despencarem 6,12%. Com os péssimos resultados, a bolsa brasileira perdeu o patamar dos 115.000 pontos, fechando aos 114.481.
Em comemoração ao Ano Novo chinês, o pregão não funcionou na semana passada. Nesta segunda, o governo de Pequim determinou que a bolsa de valores do país permanecesse fechada por risco de disseminação da doença. Os principais mercados acionários do mundo terminaram o dia em retração abrupta. Na Europa, o baque foi sentido principalmente por papéis que têm como seu principal apelo o turismo — como companhias aéreas ou redes hoteleiras — ou o consumo de luxo, amplamente aproveitado pelos chineses em território europeu. A bolsa londrina caiu 2,29%, enquanto o principal índice da Alemanha teve baixa de 2,74%. O pregão japonês acabou em baixa de 2,03%, a maior em cinco meses.
Em contrapartida, no Brasil, o dólar atingiu o maior resultado desde 2 de dezembro, cotado em 4,21 reais. No mês, a moeda americana teve valorização de mais de 5% sobre o real, o que faz a moeda brasileira ter o pior resultado em um início de ano desde 2010.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) admitiu nesta segunda-feira que errou em sua avaliação sobre a ameaça do coronavírus que surgiu na China, e passou a considerar como “elevado” o risco internacional de contaminação pela doença. Em seu relatório sobre a situação, publicado nas primeiras horas desta segunda, a OMS indica que sua “avaliação de risco (…) não mudou desde a última atualização (22 de janeiro): muito alto na China, alto no nível regional e em todo o mundo”. Contudo, em relatórios anteriores a agência especializada das Nações Unidas apontou que o risco global era “moderado”. A doença já infectou 2,8 mil pessoas e ceifou 81 vidas na China.