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Coronavírus: Mercado financeiro projeta tombo cada vez maior para economia

Pela 14ª vez seguida analistas estimam queda do PIB, que deve encerrar 2020 em -5,12%, segundo Boletim Focus; Previsão é pior que do governo, de -4,7%

Por Larissa Quintino Atualizado em 18 Maio 2020, 09h17 - Publicado em 18 Maio 2020, 09h03

Analistas do mercado financeiro reduziram, pela décima quarta vez consecutiva, a previsão para o desempenho da economia brasileira neste ano. Segundo o Boletim Focus, divulgado na manhã desta segunda-feira, 18, o Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 deve apresentar uma contração de 5,12% – na última semana, a estimativa era de queda de 4,11%. O cenário de deterioração econômica leva em consideração a evolução da pandemia do coronavírus no país – já são mais de 241 mil casos e 16 mil mortes – que traz incerteza quanto à paralisação da economia, além da tumultuada cena política. Para 2021, a projeção do mercado é de um crescimento de 3,2%. Essa foi a décima segunda vez consecutiva que a previsão de resultado da economia para este ano foi revisada.

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A projeção do mercado é ligeiramente pior do que a do governo. Na semana passada, o Ministério da Economia revisou a expectativa do PIB, prevendo recessão de 4,7%. A estimativa leva em conta que as medidas de isolamento social na maioria do país se encerrem no fim de maio e que, a partir disso, a economia reabra e passe a dar sinais de reação no segundo semestre do ano. Há analistas do mercado financeiro que estão bem mais pessimistas. O BTG Pactual, por exemplo, prevê tombo de 7% na economia brasileira para este ano.

A crise do coronavírus atingiu o país no ano em que se esperava uma reação da economia, que dava sinais de recuperação da crise vivida entre 2015 e 2016. No início do ano, quando a pandemia do coronavírus estava concentrada na China e não se sabia ao certo quando e como chegaria ao Brasil, os especialistas estimavam crescimento econômico para este ano na casa de 2,3%.

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Caso a previsão do mercado financeiro para o resultado da economia brasileira se confirme, a queda do PIB de 2020 será ainda maior do que a registrada em 2016, ano do impeachment de Dilma Rousseff, quando a economia retraiu 3,3%. Com a evolução da doença, algumas regiões já começam a adotar o sistema de “lockdown”, como acontece no Maranhão e no Pará. Em São Paulo, o governo estadual e a prefeitura da capital paulista não descartam o endurecimento das medidas para evitar colapso no sistema de saúde. São Paulo é a  maior região produtora do país e, qualquer impacto na produção, reflete no PIB.

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Inflação

Além da revisão para o PIB, os economistas consultados pelo Banco Central também reduziram as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo, IPCA, que mede a inflação oficial no país. Com menos demanda de produtos, os preços tendem a não acelerar tanto. A previsão para o indicador saiu de 1,76% para 1,59% no ano, abaixo da meta traçada, que é de 4%. A crise econômica provocada pelo coronavírus afeta a demanda, e por isso tem caráter deflacionário. A deflação acontece quando os preços de produtos e serviços caem em um determinado período. É um movimento contrário ao da inflação, quando os preços sobem. Uma das principais causas da deflação prolongada é a economia em crise, quando os consumidores compram menos e forçam as empresas a reduzirem preços. Em abril, o resultado do IPCA de abril trouxe deflação de 0,31%, primeira vez na história que o indicador de abril é negativo. Para 2021, a projeção caiu de 3,30% para 3,25%. 

A taxa básica de juros, a Selic, por sua vez, teve sua projeção reduzida de 2,50% para 2,25% ao fim deste ano. Hoje, a Selic vigora em 3% ao ano. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu em 0,75 ponto porcentual a taxa para estimular a economia durante a crise.

A projeção para o dólar subiu para 5,28 reais ao fim do ano. A moeda americana continua sua escalada e, na última semana, fechou o pregão vendida a 5,83 reais, repercutindo o agravamento da crise política e de saúde com o pedido de demissão de Nelson Teich e o acirramento do presidente Jair Bolsonaro com governadores e prefeitos.

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