Enquanto as bolsas de valores ao redor do mundo amargam perdas e mais perdas por causa do surto global de coronavírus, investidores e empresas lucram, digamos, com a doença alheia. Embora os índices de Wall Street e as principais bolsas europeias tenham caído acentuadamente na segunda-feira, 24, devido a preocupações com o espraiar da doença, os investidores se voltaram para algumas empresas de consumo, enquanto apostavam na pilha de produtos como desinfetantes, álcool em gel e alimentos enlatados e não perecíveis nas prateleiras.
Com o aumento dos casos de vírus na Itália e em vários países do Oriente Médio que lidam com suas primeiras infecções, os temores de uma pandemia global provocaram uma queda no mercado ao redor do mundo e causaram pânico nos pregões mundo afora, com o movimento dos investidores de procurar mercados seguros para investir seu dinheiro. Houve, porém, e sempre há, quem lucre com a desgraça ao redor do mundo. A Clorox Co., fornecedora de alvejantes e outros produtos de limpeza, foi uma das principais beneficiadas pela doença e uma das duas ações em território positivo no setor de artigos para consumo, o que tende a ser visto como uma aposta relativamente segura, mesmo em uma economia fraca.
No pregão desta segunda-feira na Bolsa de Valores de Nova York, enquanto a Itália agonizava novas e péssimas notícias sobre o acirramento da situação de saúde no país, as ações da Clorox operavam em alta de 1,78% às 17h no horário de Brasília, cotadas a 167,40 dólares.
Apesar de operar em leve queda no início desta semana – ressalte-se, beirando a estabilidade –, outro especialista no setor de produtos básicos incluem a fabricante de lencinhos e papel para secar as mãos instaladas em banheiros públicos, a Kimberly-Clark viu suas ações subirem mais de 4% desde o início de janeiro na bolsa americana, quando o noticiário passou a ser tomado pelo surto de coronavírus.
Fornecedores de alimentos, como Hormel Foods e a produtora de sopas enlatadas Campbell Soup – sim, aquela do Andy Warhol –, enquanto os investidores apostam na crescente demanda no caso de os consumidores terem que se preparar para ficar em casa se o vírus continuar se espalhando. “Esses produtos serão mais utilizados do que outros no grupo, devido à disseminação do vírus. É uma reação instintiva”, explica Paul Nolte, gerente de portfólio da Kingsview Investment Management em Chicago, à agência Reuters, embora tenha ressaltado que era muito cedo para dizer se os consumidores acabariam estocando alguma coisa.
(Com Reuters)